segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Homem livre

De que serve a liberdade de um homem
se nem, a tudo, tem acesso?
Como podem dizer que sou livre
se não tenho quem amo?
Sou livre de amar
tenho essa liberdade
mas estou preso a um amor
que me restringe os passos.
Como posso ser livre assim?
Que liberdade é esta?
Não tenho uma vida livre de dor
não tenho liberdade no amor.
Sinto-me como um recluso
que não pode ter em seus braços
aquela que ama.
Que liberdade é esta?
Se eu fosse realmente livre
não estaria preso a estes sentimentos.
Se eu fosse realmente livre
quebraria estas correntes do coração
e então seria plenamente feliz
seria finalmente
um homem livre.

domingo, 30 de agosto de 2009

Certeza vs Dúvida

Na certeza de um sentimento
construi o meu mundo
vivi em dor
vivi a amar.
Na certeza de uma paixão
refiz a vida
aprendi a viver em dor
continuei a amar.
Na certeza do sofrimento
resignei-me
aceitei viver em dor
sempre a amar.
Na certeza da derrota
renasci
suportei a dor
continuamente a amar.
Na certeza do impossível
vivi
ignorei a dor
eternamente a amar.
Na dúvida de um momento
paralisei
a dor voltou mais intensa que nunca
e eu a amar.
Dói mais a dúvida do talvez
do que a certeza do não.

Matar a poesia

Mera presunção de quem sabe juntar letras
querer fazer as vezes dos poetas
arrotando palavras num papel
sem a sensibilidade que os poemas merecem.
Leviandade de quem tem tempo nas mãos
ideias desconexas para dar a conhecer
regurgitando versos assimétricos
sem a mestria dos verdadeiros poetas.
Teimosia numa acção sem mérito
alucinações de carácter lascivo
vómito de frases destemperadas
sem a nobreza que se deseja na escrita.
vaidade num garatujar inóspito
sem vergonha de matar o poema
bolsando pedaços de saber inofensivo
sem inteligência para partilhar.
Reflexões sobre a existência de nada
cogitações plagiadas sem remorso
jactos de prosápias delatoras.
Celebração de tempos ignóbeis
bazófias sem justificação coerente
falta de denodo original, sem timbre
jorro de palavras cruelmente copiadas.
Acções assassinas da bela poesia.

sábado, 29 de agosto de 2009

Eu poeta

Não quero ser poeta com silêncio na voz
Quero gritar minhas palavras
meus versos e poemas.
Quero dar a conhecer o meu sentir
o meu pensar e meus desejos.
Não quero ser poeta mudo
muito menos amordaçado.
Quero falar do meu modo
sobre tudo e todos.
Quero que conheçam as minhas razões
as minhas ideias e minhas verdades.
Quero sentir compreensão
mesmo existindo desacordo.
Quero usar o meu critério
a minha forma e meu estilo
mesmo que apenas eu me aprecie.
Quero ser poeta como eu
poeta que poetiza pela sua cabeça.
Poeta imagem de mim
poeta Emanuel
poeta eu.
Um dia serei esse poeta
e cada poema será uma assinatura
uma rubrica e um sinal
de mim próprio.
Nesse dia os meus poemas
terão a minha marca
a marca do poeta eu.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

O voo do falcão

Nasci em ninho tosco
de galhos e gravetos mal entrançados
fui cria de pássaro solitário
a lei da sobrevivência foi a minha bíblia.
De perigos e devaneios escapei
ganhei asas, aprendi a voar
fortaleci-me na escassez
transformei-me em falcão.
Grandes foram os meus voos
em território hostil mas conhecido
persegui presas, fugi de caçadores
sobrevivi.
Planei ao sabor da brisa
mas também voei contra o vento
fiz uso do meu instinto animal
amadureci antes de ser dono dos céus.
Fui um entre muitos
a união faz a força
no número encontrei a segurança
mesmo sendo senhor de mim.
Tive vários parceiros de voo
houve gozo, nunca plenitude
a ave que desejei voava bem mais alto
longe do meu alcance
fora da minha jurisdição.
Ainda tentei acompanhar seu voo
mas invadiu-me a vertigem cobarde
e a distância foi-se alargando
mudei meu rumo, procurei alternativa.
Rasguei os céus em voo solitário
tentando encontrar complementaridade
nenhuma outra ave cruzou o meu espaço aéreo.
Cansado de voar em círculos
pousei, esperei, ansiei.
Tive vontade de voltar a voar
desejei voltar a ter companhia nos céus
mas já não fui capaz de sair deste solo.
Estou a perder as asas
acho que estou a desaprender
acho que já não sei voar.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Felicidade de poeta

Quão insaciável pode ser a fome de um poeta
se ao longo da vida nada come
para além de versos insonsos
e intragáveis poemas de sabor amorfo
Quão intensa pode ser a sede de um poeta
se ao longo da vida nada bebe
para além de gotículas salobras de dor
e salpicos de desgosto pestilento
Quão escasso pode ser o sono de um poeta
se ao longo da vida nada dorme
para além de minúsculos roncos
em camas espinhosas de sofrimento
Quão ignóbil pode ser o descanso de um poeta
se ao longo da vida nada descansa
para além dos momentos em que escreve
e solta o verbo que nasce de si
Quão silenciosa pode ser a voz de um poeta
se ao longo da vida nada diz
para além dos seus pensamentos incompreendidos
clamados pela sua boca amordaçada
Como pode um poeta não ser feliz

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Tempos houve

Tempos houve em que eu ria do destino
zombava dele e tinha sorte
tudo fazia, a nada me negava.
Tempos houve em que eu era imortal
o mundo não tinha segredos
que eu não pudesse desvendar.
Tempos houve em que eu era rei
o mundo prostrava-se a meus pés
sem ter súbditos, reinava.
Tempos houve em que eu voava
e sem asas era dono dos céus
os ventos eram meus aliados.
Tempos houve em que eu fazia magia
e sem poções os feitiços eram vontade
os meus desejos eram de encanto.
Tempos houve que já acabaram
findaram-se os caprichos realizáveis
desci à terra e vivo como os demais.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Amo e sofro

Amei... ainda amo
fui feliz, infeliz, odiei... voltei a amar
Fui no passado
sou no presente
o futuro... não sei!
Amei... sofri... ainda sofro
mas não é o mesmo sofrer
é mais maduro... não dói tanto.
Sofri como sofre quem ama
mais ainda!
Sofri por amar e não o dizer.
Sofri...
Faltaram as palavras... acobardei-me
tive medo... tenho medo ainda?
Não!
Hoje falo sem problemas
hoje digo sem vergonha... amei e tive medo
hoje amo sem medo
mas... sozinho.
Amo à distância.
Já é tarde... a oportunidade passou.
Hoje quem amo tem família
não posso destruir essa família
essa família existe porque calei
é minha criação.
E agora...
embora fale sem medo
oculto um nome
escondo identidades
não por medo... por respeito
e... porque quem amo
se não sabe... desconfia.
Sofri... porque calei...
não disse... AMO-TE!
E sofri... e mais sofri... quando o destino quis.
Oh como sofri
oh como doeu
mas tudo passa
tudo menos o sentimento.
Esse é maior... mais forte
é mais sentimento.
Ainda sofro... outro sofrer.
Sofro por não me libertar de um amor
sofro por não conseguir amar outra mulher
é outro sofrer
mais suave... mais terno.
Quem sabe... um dia
amanhã, depois... em outra encarnação
serei feliz... completamente
de corpo inteiro.
Até lá... amo e sofro.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Só para dizer que te amo

Já te escrevi tanto.
Muitas palavras escrevi e não leste.
Já escrevi tanto que cansei.
Cansei a mão de tanto escrever.
Já te escrevi tanto
e apenas te disse nada.
Escrevi e não sei onde.
Muito do que escrevi anda perdido
como eu.
Escrevi poemas rimados
com palavras de amor
palavras sofridas.
Escrevi-te o meu amor
de tantas formas
com tantas palavras
que deixei de ter palavras rimadas.
Agora escrevo-te num outro registo
mais cru
mais directo
directo ao coração
sem me preocupar com a rima certa.
Continuo a escrever-te o meu amor
talvez com menos beleza
mas com o mesmo amor
a mesma paixão
porque os sentimentos estão aqui
no meu peito
sinto-os
vivo-os
tenho-os dentro de mim
mas já não há palavras
já não há vocábulos originais
que expliquem estes sentimentos
por isso deixei de rimar
mas não deixo de escrever
e escrevo-te o meu amor por ti.
Já escrevi tanto
e não te disse nada.
Muito do que escrevi anda perdido
talvez numa gaveta
numa prateleira
até mesmo entre as folhas de um livro.
Talvez no meio de Shakespeare
mesmo no meio de Romeu e Julieta.
Não sei.
Só sei que já te escrevi tanto
tantas palavras
tantos versos
tantas quadras
tantos poemas
só para dizer que te amo.

domingo, 23 de agosto de 2009

Tempo c/ Breizh da Viken

O tempo pára, que somos?
Fantasias construtoras de um futuro ausente
escrevemos poesia, bebemos utopias
somos cálices prazenteiros de comunhão
nesta vida vazia de sociedade apetecida.
Deserto de cimento arquitectónico, selva arrumada
suja de tanto ser passeada! Vivemos na jaula da cidade.
Lá nos sabemos, lá nos conhecemos, lá nos escrevemos.
O tempo urge, nada falece, nada se move
a clepsidra goteja.
Quem fez o tempo parar?
por que se ausentam as fantasias da esperança
quem renega o valor da criatividade feliz e inovadora
quem ousa impedir que descrevamos o mundo a nossos olhos
quem controla o tempo?
Aquele tempo que impunemente nos foge pelos dedos
deixando as nossas mãos alagadas de suores por escorrer.
A quem convém a nossa obra suja e inacabada?
Quem é dono das mordaças que nos querem abraçar a boca
quem é quem? Quem nos responde?
A ampulheta continua a esvaziar.
Este poema é o resultado de uma parceria com a minha amiga Breizh da Viken

Nada

Sem saber muito bem do que escrever

porque estou leve, bem tranquilo

podia escrever sobre isto e aquilo

e por aí fora eu poderia continuar

Como acredito poder falar de nada

mesmo sem tema eu posso escrever

apenas como um modo de entreter

vou escrever esta poesia imaculada

Hoje não haverá nenhum sentimento

muito menos uma situação de vida

não há amor ou paixão em destaque

Amanhã quem sabe, existirá lamento

talvez até uma frustração acometida

ou de apenas nada, mais outro ataque

sábado, 22 de agosto de 2009

Dona do meu coração

O meu coração é pobre
para albergar tão ricos sentimentos.
Dou por mim a pensar
que divino presente é este
que o destino me ofertou
e ao qual só eu...
apenas eu...
tenho acesso.
Apenas eu, porque tu
que nele habitas
que nele fizeste questão de morar
não o queres desocupar
não o queres vazio
não deixas que outra o ocupe.
És egoísta
inconscientemente egoísta.
O coração é meu
apenas fisicamente.
Tu que o decoraste
a teu belo prazer
teimas em não o largar
não abdicas deste pedaço de músculo
que tenho no peito.
Nele desfraldaste a tua bandeira
está marcado com a tua imagem.
O que lá estava antes de ti...
apartaste...
fizeste um pequeno cubículo
e jogaste, como lixo, tudo o que aí estava.
Tomaste posse
és dona e senhora do meu coração
e fechaste-o a sete chaves
e deitaste as chaves fora
e não há no mundo
ferreiro que destrua o cadeado.
Não há ninguém no mundo
que consiga abrir os portões do meu coração
e entrar...
Tu assim o ditas
tu assim queres
tu assim podes
és dona e senhora do meu coração

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Dúvidas

Que pecado mortal cometi?
Que punição é esta?
Por que devo sofrer assim?
Que mal fiz eu ao mundo
para ser, diariamente, confrontado,
posto à prova?
Quanto mais tempo devo sofrer?
Não me chegava amar-te assim
com tanta intensidade?
Até o tempo atmosférico
vem contra mim.
De onde saiu este calor insuportável
que me obriga
não só a amar-te...
mas também a ver a tua pele nua?
Oh mísera existência
que vivo e odeio,
pudesse eu mudar os sentimentos,
pudesse eu apartar este amor.
Oh se me fosse permitido negá-lo
não teria de ver a tua pele
alva e sedosa pele...
Não teria de suportar
em silêncio
a dor de ver o teu corpo
corpo de sereia
com apenas uns panos a cobri-lo
e ver na transparência do tecido
as tuas curvas de pecado
as tuas divinas curvas
as curvas que podiam ter sido minhas
as curvas que minhas mãos poderiam,
deveriam ter tocado.
Oh inclemente calor de Verão
que vieste na estação certa
mas... na altura errada.
Eu já sofria
sofria por um amor presente
fora de alcance
agora sofro mais
sofro por um amor presente
fora de alcance
mas em permanente provocação.
Oh curvas celestiais
que em permanência
me tentam
me testam
me provocam
me fazem sofrer ainda mais.
Não era suficiente o meu sofrimento
por ver os olhos amendoados
o rosto de menina
as mãos de fada
do meu grande amor
da mulher que mais amo
do meu eterno Nenúfar?
Não era sofrimento suficiente
ver o cabelo cheiroso
os lábios finos
aquelas covas nos cantos da boca
do meu amor secreto
da mulher da minha devoção
do meu eterno Nenúfar?
E agora
ainda tenho de ver mais além
sofrer mais
ver em permanência
o fruto do meu desalento
esse corpo magistral
pelo qual me apaixonei
e ter o desejo mais acirrado
ter a vontade mais premente
e continuar assim...
cortês nos actos
frouxo nas palavras
cobarde na essência
sofredor na alma.
Até quando devo sofrer?
Que posso fazer para aplacar,
para acalmar
este destino que me é adverso?
Que me é exigido para evitar este fado?
Que outra saída tenho
que não seja a partida?
Sim! A partida.
Se me afastar... para longe
se me esconder do mundo
talvez não sofra tanto
talvez esta dor perca intensidade
e a minha vida não seja tão miserável.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Por amar

Nada do que faço
me permite esquecer-te.
A tua presença
mesmo sendo apenas recordação
é mais forte que a minha necessidade.
Procuro quem me ame
juro que procuro de verdade
mas a tua imagem
impede-me de agarrar
de unhas e dentes
a felicidade que mereço.
Pode parecer incoerência da minha parte
mas mesmo amando-te
preciso de alguém do meu lado
que me ame
e partilhe a vida comigo
porque tu nunca poderás ser minha.
Tu seguiste o teu rumo
já tens a felicidade que pediste
e és amada.
Em contraponto
eu segui o caminho
que o meu destino traçou
não alcancei a felicidade
amo-te e não sou amado.
Não te posso ter
mas mereço ser feliz.
Por ti mudei minha forma de ser
por ti modifiquei meu modo de agir
por ti sou diferente
mas não tirei nenhum partido da mudança.
Posso estar a sofrer
como punição pelo meu passado
mas a necessidade
de abandonar este solidão
existe e é urgente.
Porque te amo e nunca serás minha
eu me rogo a teus pés
e te peço que me libertes
peço-te que me abandones
peço-te que saias do meu coração
e me deixes ser feliz.
Eu mereço ser feliz
por te amar como amo.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Amor eterno

És imagem bem viva e nítida
nesta minha memória
não te consigo esquecer
não te quero esquecer.
Mil episódios eu me lembro
onde és figura de proa
e me volto a ver
como homem apaixonado.
Lembro-me de momentos passados
revivo conversas que tivemos
saio de mim
e assisto às nossas confidências.
Vejo o que talvez tenhas visto
ou não te apercebeste.
Vejo diante de ti
um homem apaixonado
com um olhar brilhante
onde a tua beleza se reflecte.
Vejo um homem calado
mas com vontade de dizer
alto e bom som
que te ama
como nunca amou ninguém.
Vejo o frémito invisível
que lhe percorre o corpo
sempre que está na tua presença.
O mesmo frémito invisível
que agora percorre o meu corpo
só de pensar em ti.
O tempo passa indiferente
não se perturba com o que sinto.
O tempo passa
mas o amor permanece
por ser eterno.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Hoje quase falei

Hoje quase falei
quase.
Disseste ter reparado
na minha instabilidade.
Disseste que eu andava estranho.
Impressão tua! Respondi.
Disseste que eu andava triste
que não gostavas de me ver assim.
Sorri-te.
Olhaste bem fundo
nos meus olhos.
Não sei o que viste
foram apenas alguns segundos
eternos
olhos nos olhos
senti que me vias a alma.
Sorri-te.
Sorriste-me.
Elogiei-te o sorriso
disse-te o que pensava dele
disse-te o bem que me faz
coraste
e voltaste a olhar-me nos olhos
bem fundo.
Viste a minha alma?
Percebeste que é a ti...
somente a ti...
que pertence este coração?
Que foi meu
que agora é teu.
Voltaste a sorrir
mas agora
foi outro sorriso
menos espontâneo
mais... comprometido
mais... desalentado
mais... artificial
tu viste!?
Viste bem fundo
olhos nos olhos
a minha alma.
E descobriste!?
Eu não falei!
Hoje quase falei
quase...

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Na minha vida

Na escuridão desta minha vida
Tu poderias ter sido o Sol
Iluminando a minha existência
Dando algum brilho a esta opacidade.
Na angústia desta minha vida
Tu poderias ter sido o conforto
Apertando-me em teus lúcidos braços
Oferecendo amparo no meu desequilíbrio.
Nas dúvidas desta minha vida
Tu poderias ter sido o esclarecimento
Exercendo sobre mim algum domínio
Facultando-me as melhores decisões.
Nos medos desta minha vida
Tu poderias ter sido a segurança
Afastando de mim todos os temores
Cedendo a coragem que me falta.
Na tristeza desta minha vida
Tu poderias ter sido a alegria
Festejando o amor supremo
Deliciando-me com a tua felicidade.
Na solidão desta minha vida
Tu és a minha maior ausência
Ocultando-me do teu coração
Desconhecendo o meu amor por ti.
No dia a dia desta minha vida
Tu és um pensamento constante
Teimando em me fazer sofrer
Permitindo que apenas viva.
Nesta minha vida
Tu és saudade
Trazendo-me dor
Impedindo-me de ser feliz.

domingo, 16 de agosto de 2009

Apenas ser feliz

O tempo passa, o sentimento persiste
O amor ficou, eu desespero
Por mais que tente
Por mais tentativas que faça
Nada resulta
Tudo é infrutífero
A tua imagem não me sai da cabeça
O teu cheiro não me abandona
A tua voz ainda soa nos meus ouvidos
E eu continuo a amar
Mesmo contra vontade.
Amo-te e não te posso ter
Amo-te e a mais ninguém
Mesmo possuindo outras
Nunca me entrego totalmente
E isso faz-se sentir
E as mulheres não são parvas
Sabem melhor que os homens
Quando não são o centro do mundo
E eu...
Que sei isso melhor que ninguém
E respeito as mulheres
Sou acusado do que não sou
Do que já não sou
Por culpa de um amor
Um nefasto amor
Que não pedi
Que não desejei
Que não me larga
Que não me deixa viver.
Por mais que tente
Não te consigo apagar em mim
E sofro por isso
Basta!
Não te quero amar mais
Não quero sofrer mais
Não quero fazer sofrer mais
Aquelas que tento amar
E me acusam de as enganar
E me acusam de as usar
Quero livrar-me deste amor ignóbil
E viver de acordo com o que sou
De acordo com o que sempre fui
Quero simplesmente amar
Quero apenas ser feliz

sábado, 15 de agosto de 2009

Dói amar-te

Como é triste a melancolia.
Como é triste a recordação de um dia.
Tenho uma dor no peito
Há muito que me atormenta
E não há consolo que a possa aplacar.
Tenho esta dor de estimação
Vivo com ela, na esperança
De um dia olhar o passado
Olhos nos olhos e dizer:
"Valeu a pena ter sofrido assim".
Mas enquanto esse dia não chega
Faço das fraquezas, força
E vivo um dia de cada vez.
Tenho uma dor no peito
Por apenas te amar a ti
E saber que nunca te vou ter.
Amo-te com consciência
Da fatalidade que é amar-te.
Mesmo assim não recuo
E continuo a amar-te
A desejar-te como és
A querer-te em meus braços
A idolatrar o teu ser
A venerar-te, rainha dos meus tormentos.
Tenho esta dor no peito
Que me consome por inteiro
Mas não me liberto dela
Doa o que doer
Porque só essa dor
É memória de uma paixão
É sinal de um sentimento
Que perdura no tempo
Que me conduz na vida.
Amo-te e isso dói.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Vontade vs Razão

Escuto a melodia das palavras caladas
Danço ao ritmo do silêncio
Fecho os olhos e vejo o que não vivi
Desperto de um torpor auto infligido
Recupero a coragem que nunca tive
Não me reconheço, sou fantasma de mim
Tenho sonhos, quase realidades
Maiores são os silêncios
Menores as esperanças fortuitas
Canto poesias sem versos
Clamo poemas sem palavras
O silêncio é ensurdecedor
Grito ânsias num espaço deserto
Nem eu próprio oiço a minha voz
Sou incoerente nos sentimentos
Sou inconsequente nos actos
Sou inexistente no discurso
Sou... nada
Sou um ser vazio que ama
Sou inócuo com desejos
Sou oco na vontade de ter
Quero... mas dispensei
Ausentei-me de mim
Abandonei-me num buraco negro
Ando perdido num mundo que conheço
Só me encontro no desconhecido
Sou eu... sem o ser
Sou eu... sem essência
Sou eu... sem ter verbo
Sou eu... simplesmente eu
Simplesmente nada
Sou nada que ama
Sou zero com paixão
Tenho o EU mais negativo
Sou o inverso do que sou
Porque não existo sem amor
Porque só posso ser alguém...
Se a minha voz recusar o silêncio
E a minha vontade se sobrepor à razão

Quem me dera

Quem me dera ser uma ave e voar nos céus
em vez de ser esta planta de raízes profundas
quantas vezes vejo meus ramos baixarem à terra
tentando arrancar-me desta prisão
Quem me dera ser um pássaro livre
deixar que meus olhos voassem tão longe como a alma
e sentir no rosto a brisa da esperança
Quem me dera ter asas de Condor
e no céu azul, libertar-me de vertigens
voar para bem longe deste destino que atordoa
Quem me dera não ser árvore acorrentada
que minhas lágrimas resinosas cessassem
Quem me dera que os Outonos não viessem
e que minha folhagem não caísse desamparada
Quem me dera ser Verão eterno
ter o brilho do Sol em permanência
ser capaz de ver com a alma
e deixar de sentir com a mente
Quem me dera! Quem me dera!