sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

CONVITE a quem quiser e puder aparecer

O autor EMANUEL LOMELINO e a Temas Originais têm o prazer de o(a) convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro APRENDIZ DE POETA, a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo dia 11 de Dezembro pelas 16.00.

Obra e autor serão apresentados pelo poeta XAVIER ZARCO

Apareça! A entrada é livre e ainda pode falar com o autor e ganhar um autografo.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Baixeza

Há quem, como eu, use de auto estima
para criar as poesias, com ou sem rima
tudo isto faz parte do processo criativo
concordem ou não com a minha forma
sou assim e faço deste método a norma
que sigo e para mudar não vejo motivo

É triste sentir que sou incompreendido
e que por isso alguém se sente ofendido
mas que fazer se é presunção o que vejo?
existe quem se alimente do próprio ego
eu bem lhe vejo a vaidade, não sou cego
em verdade digo: Essa faceta não invejo!

Se criticam o que escrevo, não contesto
apenas e somente a mim, contas presto
e criticas maldosas não me fazem dano
mas não tolero ingerências, isso é feio!
não permito as chantagens de permeio
nada mais digo, nesta cena baixo o pano

Este poema é dedicado ao NUNO DE FREITAS, que hoje ao princípio da tarde foi desrespeitado enquanto criador por alguém que, tal como num atropelamento, após bater se pôs em fuga. As criticas são sempre bem-vindas desde que feitas com dignidade e de forma construtiva. Todas as outras valem pouco e não merecem ser encaradas com seriedade.

domingo, 21 de novembro de 2010

Assim me dou

Tenho uma paixão e não guardo segredo
tenho na veia palavras que correm
e não me incomodo ao sangrar.
Sou dador de versos que partilho
sentimentos que vos ofereço
sou um livro aberto.
Sou poesia ou talvez não
dou o que quero e posso
letras, palavras, frases, versos, ideias.
Sou uma história que relata
emoções à flor da pele
sentimentos na ponta da língua.
A minha voz é muda e ecoa em vossos olhos
vocês lêem os meus lábios
ficam com uma imagem do que sou
ficam com uma ideia do que quero
ficam a saber o que penso.
Faço da poesia o meu grito de revolta
escrevo a minha presença no mundo
rasgo-me em pedaços de sentido
dou-me retalhado mas compreensível.
Assim deixo ao mundo o meu legado
herança maior do que a que me foi deixada
tudo isto partilho e vos deixo
sem testamento ou últimas vontades.

IN... AMADOR DO VERSO - EMANUEL LOMELINO - TEMAS ORIGINAIS

sábado, 6 de novembro de 2010

Diz-me

Olhaste-me bem fundo nos olhos
viste a transparência da minha alma
e ficaste a saber a verdade que ocultei.
Foste mais além na forma de ver
desnudaste os meus pensamentos
e descobriste o que nunca te disse.
Vislumbraste o amor que sinto
e finalmente percebeste a minha dor
causadora de tanto sofrimento.
Vasculhaste os meus segredos
ficaste a saber porque me silenciei
e as razões da minha partida.
Agora, acossado pela dúvida do que afirmo
peço apenas que me digas uma palavra
diz-me simplesmente uma palavra
diz-me que sabes que te amo.
 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Salve!

Salve! Inglesas, turistas de fim-de-semana
que viajam até Lisboa sem lingerie
à procura de refrescarem os desejos
numa copula louca e desenfreada.
Salve! Inglesas, passageiras de ocasião
num Eléctrico apinhado de gente de carne fraca
por quem se roçam até ao orgasmo.
Salve! Inglesas, pedaços de gente incolor
que vêm apanhar Sol na brancura da pele
e uns empurrões no corpo todo
enquanto olham a cidade pelo miradouro.
Salve! Inglesas, gente sem preconceitos
que se deitam, literalmente, nas paredes
em posições que dão inveja ao Circo Soleil
com as pernas onde nem os limpa-chaminés
chegam com as suas vassouras.
Salve! Inglesas, mulheres religiosas
que se sentam no colo dos indígenas
num qualquer jardim desta Lisboa sem sono
e cavalgam como se fugissem de alguém
gritando pelo Deus que veneram.
Salve! Inglesas, pudicas sem recato
que recebem convidados nos quartos de hotel
e lhes servem champanhe e morangos
besuntando-se com chantilly
na esperança de serem limpas a seco
pelas línguas gulosas dos autóctones.
Salve! Inglesas, rainhas da falta de decência
que içam bandeiras nos mastros portugueses.
Viva!
Viva a aliança luso-britânica!

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Gato escaldado

Gato escaldado de água fria tem medo
diz o provérbio deixado pelos anciãos
uma verdade sem mistério ou segredo
tão certa como o fogo queima as mãos

E se esse gato for humano com coração
outrora ferido por experiência do amor
a água fria será um sofrer em repetição
da qual sempre fugirá por sentir pavor

Se gato escaldado não quer sofrer mais
por ter cicatrizes qu'avivam a memória
eu digo: o gato e o humano serão iguais
por não quererem a repetição da história

Só mesmo um homem ferido por paixão
resiste a outro amor e fecha seu coração

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Hoje estou feliz

A felicidade não é um dado adquirido
ela é-nos oferecida em pequenas fatias
não nos aparece na vida todos os dias
mas quando vem devemos tirar partido

A felicidade é como um Sol brilhante
em dia de Verão cheio de luz, radioso
com céu limpo, azul bem maravilhoso
sintam da felicidade o brilho diamante

Apesar da chuva que cai nesta cidade
hoje, atingido pelos raios da felicidade
tenho no rosto um sorriso estampado

Vou tentar prolongar o feliz momento
colocar as angústias no esquecimento
e aproveitar o que a vida me tem dado

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Sê apenas criança

Tens uma vida inteira pela frente
apenas de ti depende o que fores
serás o que quiseres, até presidente
ou mais um entre grandes actores

Tens ainda um mundo por explorar
como o herói em plena brincadeira
tantas vezes que tu te vais enganar
tantas vezes que vais fazer asneira

Mas nunca te preocupes com isso
é assim que aprende uma criança
sem ter com o mundo compromisso
mas no rosto ter sempre esperança

Por agora não penses como adulto
brinca, salta, joga à bola, arrelia
aprende tudo e tudo te fará culto
aproveita da infância toda a magia

O teu mundo não é nada complicado
mesmo que negra pareça a situação
sê apenas criança, nada te é cobrado
estamos nós aqui p'ra te dar a mão

Este poema é dedicado ao meu sobrinho Diogo que comemora hoje o seu décimo aniversário.
Parabéns DIDI

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Cumplicidade c/ Regina Ragazzi

Afastei-me das mágoas de voos passados
e aportei o meu pensamento noutra praia
onde você estava procurando conforto
num pranto que enterneceu meu coração

Abraço a noite em sua companhia
preencho minhas horas vazias
com o calor da sua presença
e mando embora esta minha solidão

No escuro da noite vi teu sorriso tímido
e no silêncio das palavras tentei ser consolo
ofereci-te meu ombro incondicional
e a solidariedade do meu abraço

Eu e você feito encanto de magia
atravessamos a distância azul do Oceano
num encontro de almas e pensamentos
em intensa troca de energias

E nessa cumplicidade de madrugada silenciosa
onde somente a lua guardava os meus segredos
teço contigo versos de lembranças tantas
e te falo das dores do meu peito

Limitei-me a dar-te o aconchego de uma mão
e ouvi os lamentos que libertaste do teu peito
guardo-te em mim apesar da distância
como o mais confidencial dos meus mistérios


Este poema é uma parceria com a minha querida amiga REGINA RAGAZZI a quem agradeço esta oportunidade 

domingo, 3 de outubro de 2010

MARIA

A luz que do teu rosto irradia
brilho supremo de esplendor
é ternura em forma de amor
que nossos corações alumia

Da tua voz prenhe de poesia
nasce uma música de louvor
ó sentimento belo e superior
que nos dá esta santa alegria

Tuas palavras são companhia
em nossos momentos de dor
tens em nós quem te dê valor
e bendiga o teu nome Maria

A ti Bózoli todo nosso carinho
No coração um terno beijinho

Este poema é dedicado à nossa querida amiga MARIA BÓZOLI que desde a primeira hora se tem revelado um ser humano de excepção. Creio que posso falar por muitos de vocês!

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Prisão eterna

Olho-me no espelho sem me reconhecer
Nada do que vejo é reflexo do meu ser
Quão embaciada pode uma imagem ficar
Não vislumbro o que tanto me atormenta
Mas é desta dor que meu corpo se alimenta
Do que me consome não me consigo libertar

Caminho pelas ruas desertas deste mundo
Palmilho um destino com desgosto profundo
E não há fuga possível desta minha prisão
Sou castigado pela minha atitude cobarde
Por ter falado de sentimento muito tarde
E na hora devida, ter calado uma paixão

Sofro por um destino cruel, auto-infligido
Por uma torpe e vil timidez fui acometido
Assim perdi a oportunidade de ser amado
Pelos dedos deixei fugir a minha felicidade
Mesmo não mentindo, ocultei toda a verdade
E para sempre ficarei preso ao meu passado

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Ao longo da vida

Ao longo da vida
foram tantos os caminhos
que percorri.
Trilhos frequentados
outros gastos pelo tempo
e pelo desuso.
Ao longo da vida
andei em linha recta
e em círculos
em busca de tudo e nada.
Andei por andar
ou com objectivos em mente.
Palmilhei quilómetros de incertezas
inverti marchas
forcei passagens
alterei rumos à última hora
repeti percursos.
Ao longo da vida
foram tantas as encruzilhadas
momentos de indecisão
urgência nas escolhas
umas foram boas
outras revelaram-se erradas.
Andei tanto ao longo da vida
que gastei as solas das botas
e passei a andar descalço.
Agora
com os pés macerados
e a alma cansada
apenas peço um pouco de descanso
ou um novo par de botas.


domingo, 26 de setembro de 2010

Quatro horas

Tempo de inconsciência induzida
respiração artificialmente assistida
nas mãos de estranhos, a esperança
quatro horas fantasmas numa vida
quatro horas de memória perdida
tempo vivido sem uma lembrança

Quatro horas que só posso evocar
quatro horas que passaram a voar
quatro horas ocas que não esqueço
a dor é um simples preço a pagar
o desconforto é fugaz, vai passar
a quem me entreguei eu agradeço

Este poema é dedicado a toda a equipa de médicos(as) e enfermeiros(as) do Hospital de S. José, envolvidos, directa e indirectamente, na cirurgia a que fui submetido na passada 6ª feira. A todos o meu OBRIGADO 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

És aquela que mais amo

BLOGAGEM COLETIVA: Dedique uma canção a quem você ama!


Chegaste e ocupaste o meu coração
ateaste em mim um fogo de paixão
deixei de ser quem era

Chegaste abrasando este meu peito
tu enfeitiçaste-me sem preconceito
e eu não estava à espera

Fiquei preso por esse teu olhar fatal
e vislumbrei o que te torna especial
vivo agora nova quimera

Respiro só porque é preciso respirar
vivo a vida unicamente por te amar
ter-te aqui, quem me dera

REFRÃO (2x)

És a mulher que idolatro
vi-te e fiquei de quatro
é o teu nome que chamo
és a fonte do meu desejo
quero-te aqui, não te vejo
és aquela que mais amo

Chegaste, no meu coração acampaste
tremi quando na minha pele tocaste
deixei de ser quem era

Chegaste, vieste de manso, sorrateira
no meu coração és a única passageira
e eu não estava à espera

Fiquei cativo pela beleza do teu rosto
finalmente uma mulher a meu gosto
vivo agora nova quimera

Pudesse eu repousar em teus braços
ganhar coragem e sem embaraços
ter-te aqui, quem me dera

REFRÃO (2x)

És a mulher que idolatro
vi-te e fiquei de quatro
é o teu nome que chamo
és a fonte do meu desejo
quero-te aqui, não te vejo
és aquela que mais amo

Esta canção foi escrita por mim para participar na nova blogagem coletiva do ESPAÇO ABERTO.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

O que é mágico para você?

A minha querida amiga TATIANA MOREIRA lançou-me um desafio que consiste em dizer o que é mágico para mim e nasceu isto:

ISTO É MÁGICO

O sol da manhã
o céu azul
a brisa no rosto
o piar dos pássaros
o cheiro das flores
isto é mágico

O brilho da lua
o silêncio da noite
o mistério da bruma
os pensamentos que afloram
as ideias que nascem
isto é mágico

O rio que corre
o oceano que começa
a linha do horizonte
os enigmas do mar
as ondas que beijam a areia da praia
isto é mágico

Um sorriso sincero
um olhar cúmplice
um ombro amigo
uma palavra de incentivo
um ouvido atento
isto é mágico

Um beijo ardente
um anseio carente
um frémito de desejo
um toque de pele
dois corpos unidos
isto é mágico

Ver e ouvir
cheirar e sentir
tocar e provar
amar e ser amado
viver a vida
isto é mágico

Agora deixo este desafio a todos(as) os(as) amigos(as) que sintam serem capazes de confessar a magia das suas vidas.



domingo, 12 de setembro de 2010

Um fado

Desconheço se é pecado
cantar em tom magoado
o que vai neste meu peito
sendo, serei eu perdoado
por cantar assim um fado
neste triste e azedo jeito

Desconheço se é pecado
dizer que tenho marcado
um amor no meu coração
sendo, serei eu perdoado
por estar assim agrilhoado
preso a esta doce paixão

Desconheço se é pecado
gritar alto por todo lado
quão dolorosa é esta dor
sendo, serei eu perdoado
por estar assim apaixonado
e sentir urgência de amor

Desconheço se é pecado
ter o coração dilacerado
e minha alma manchada
sendo, serei eu perdoado
por um amor ter calado
e manter a boca fechada

Desconheço se é pecado
o amor que me foi negado
e me deixou a lamentar
sendo, serei eu perdoado
por me agarrar ao passado
e este fado agora cantar

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Noite de sonho

Noite quente e escura
céu sem estrelas nem luar
é cegueira que perdura
nada vejo na sombra do teu olhar.
Manto de breu envolvente
eterna treva pardacenta
um abraço que se sente
de uma alma que se ausenta.
Na pele uma carícia
um arrepio que floresce
 um beijo com malícia
um desejo que cresce.
Toque atrás de toque
paixão p'los teus seios
frémitos loucos, choque
sem pudor, medos ou receios.
Mentes novas, abertas
em incessante luxúria
frescas descobertas
em ritmo de fúria.
Amor feito a gosto
dois seres em sintonia
mas não vejo teu rosto
nem vê-lo, eu podia.
Dois corpos, lado a lado
unidos na escuridão
amanheço transpirado
acompanha-me a solidão.
Acordo de mais um sonho
não passou de fantasia
desperto mais tristonho
por nascer mais um dia.

sábado, 4 de setembro de 2010

Aviso à navegação

A todos quantos isto possa interessar
leiam com atenção o que vou relatar
escutem bem o que eu vos vou dizer
há um passatempo prestes a começar
cujo objectivo é a literatura divulgar
e há um livro de poesia para oferecer

Convosco pretendo e devo ser honesto
o passatempo é simples, bem modesto
mas ajuda na difusão da nossa língua
é mais um alerta em jeito de protesto
pouco mais é que um simplório gesto
em prol do portuga qu'anda à míngua

Quem quiser, deseje e possa aparecer
ou tenha um elevado interesse em ler
livros escritos em língua portuguesa
só tem uma saída, uma coisa a fazer
é dar uma olhadela por lá e assim ver
uma sã iniciativa prenhe de singeleza

Até ao final da próxima semana estará em curso um passatempo neste link, participem!

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Mais um dia acaba

Mais um dia acaba, ó rotina extenuante
tudo foi igual, sem novidade relevante
eis a sina cruel de quem faz pela vida
num ritmo diabólico, direi alucinante
um corpo dorido, uma dor dilacerante
e uma alma vazia há muito esquecida

Mais um dia acaba, em tudo rotineiro
o último minuto idêntico ao primeiro
nada de novo no reino da Dinamarca
e isto porquê? Pelo precioso dinheiro
que mal chega, logo parte sorrateiro
por isso a riqueza nos bolsos é parca

Mais um dia acaba e a solidão aparece
estado d'alma que nunca me esquece
e que teima ser a minha companheira
e os dias passam e o corpo envelhece
mais uma ruga, o cabelo embranquece
e a mente prega partidas, traiçoeira!

Mais um dia acaba e a surpresa vem
quando do nada me apareceu alguém
que me acarinha, então volto a sorrir
um mero gesto a valer mais de cem
tremenda a amizade que ele contém
e da qual jamais poderei prescindir

Mais um dia acaba e foi um bom dia
confesso que melhor eu não pediria
para trás das costas ficou a amargura
há gestos encantadores, viva a magia
que o gesto de amizade me propicia
e enche este meu coração de ternura

Mais um dia acaba e eu não esqueço
que uma bela amizade não tem preço
e não se paga por carinho e simpatia
esta camaradagem só está no começo
e como as amizades jamais agradeço
retribuo o teu gesto com esta poesia

Este poema é dedicado à minha querida amiga REGINA RAGAZZI pelo gesto carinhoso e simpático que teve comigo no dia de hoje.

domingo, 29 de agosto de 2010

Não há poeta

Não há poeta cuja mão não trema
ao dar vida à sua própria criação
só um poeta vocifera e blasfema
na sempiterna busca da perfeição

Não há poeta que use por emblema
falta de génio, de alma e de razão
porque a poesia jamais será dilema
mesmo nos versos sem expressão

Não há poeta que renegue a poesia
e tampouco quem dela se desfaça
por mais que a palavra diga o oposto

Não há poeta que creia ser heresia
dizer: O poema é filho da desgraça
e um poeta só o pode ser por gosto

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Traição

Tenho um músculo traidor no peito
que toda a vida pensei me fosse fiel
acabou por demonstrar ser imperfeito
na sua batida regular mas vil e cruel

Foi tremendo o dano e atroz o efeito
mais marcante que cicatriz na pele
não sei se da surpresa ficarei refeito
pois a traição sempre me soube a fel

As lições que a vida me dá, eu aceito
e o destino não se recusa nem repele
se ele assim traiu, está no seu direito
e afinal de contas é esse o seu papel

Mas tenho de denunciar esta traição
cometida por um músculo; o coração

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Sem perdão

Mesmo distantes, no tempo e no espaço
bem vivas, mantém-se as memórias de ti
entretenho o meu rosto no teu regaço
que só foi meu porque um dia eu parti.

Grito ao mundo - Amo-te! - sem embaraço
e quantas mil vezes, de te ter, eu desisti
fico na saudade de te guardar num abraço
apenas miragem do corpo que não senti.

Vivo na ilusão de um amor; eterno cansaço
mas não deixei de te amar, tal não permiti
deste sonho de amor não me desembaraço
apenas me acuso de um amor que omiti.

E por calar um amor sofro de vil solidão
silêncio covarde que não merece perdão.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Sentimentos que calei

Pudesse eu o passado alterar
e riscar o que não me satisfaz
refazendo tudo sendo audaz
ao passado eu queria regressar

Pudesse eu a cobardia eliminar
se de tal proeza eu fosse capaz
então recuaria alguns anos atrás
e de amor teria muito que falar

Como no tempo não sei mexer
ao passado eu jamais voltarei
e o destino não posso inverter

Soubesse então o que hoje sei
o que sinto nunca iria esconder
como os sentimentos que calei

domingo, 22 de agosto de 2010

Anjos e Querubins

Nasci humano mortal
mas sou filho de um Deus menor
que nos degraus do Olimpo
zela por mim.
Sempre que perco o ânimo
envia membros do seu exército
em meu socorro
e o meu Céu volta a ser azul.
Cada vez que a tristeza me invade
em meu auxílio aparecem anjos
de rostos alvos e sorrisos brilhantes.
Quando a nostalgia me aprisiona
oiço as harpas dos querubins
e o meu Sol ganha novo brilho.
Toda a vida foi assim.
Sempre rodeado de anjos e querubins
que me desviam dum negro destino
que iluminam as trevas onde caminho.
Sempre vivi rodeado de anjos e querubins
e aprendi a amá-los
do mesmo jeito que me amam.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Desalento

O cansaço dos dias acumula-se
e para além do corpo
também a mente está saturada.
As forças vão faltando
o ânimo vai desaparecendo
já nada parece fazer sentido.
Nestes momentos sem alento
valem-me as imagens dos dias azuis
dos instantes de Sol risonho
noutras Primaveras.
E a música de Prince.

sábado, 14 de agosto de 2010

Caminhos 5 - A barca de Caronte

Quando deixei estes Deuses irmãos à beira mar
segui o meu calvário, pus meus pés ao caminho
parti na certeza de por mim ficarem então e zelar
ficaram no meu coração "Nunca ficarás sozinho"

Caminhei por montes e vales, de noite e de dia
até o cansaço ser muito e falar bem mais alto
muitos os rios que atravessei, fiz a travessia
subi e desci montes para acampar num planalto

Não vos sei mesmo dizer quantas horas eu dormi
mas há muito que não dormia assim tranquilo
ao acordar fiquei pasmado com o que então vi
não acreditei nos meus olhos "O que é aquilo?"

Na minha frente estava um velho esfarrapado
que olhava para mim com demasiado interesse
à beira do rio tinha um simples bote atracado
fui ao seu encontro sem que nada me dissesse

"Quem és tu ó velho barqueiro" inquiri curioso
ao que simplesmente respondeu "Sou Caronte"
era velho, muito velho, diria mesmo muito idoso
"Trabalho neste rio que abarca todo o horizonte"

"Porque não entras no meu barco? Anda, vem"
"não sai muito cara esta derradeira viagem"
perguntei " Vais já partir? Não há mais ninguém?"
"o que posso eu querer ver na outra margem?

Caronte não sabia ou não me quis responder
mas a resposta há muito tempo já eu a conhecia
este é o transporte para quem acaba de morrer
e conhecer o profundo Hades eu ainda não queria

"Ainda é cedo para essa travessia eu poder fazer"
"a minha vida não acabou, espera-me melhor"
Caronte perguntou "Que estás tu para aí a dizer?"
respondi "Nada digo. Sou filho de um Deus menor"

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Caminhos 4 - O choro de Apolo

Passado que estava o momento embaraçoso
a doce Deusa Ártemis logo me explicou
os porquês do seu súbito estado nervoso
"Foi o meu querido irmão Apolo que passou"

Senti alguma preocupação no divinal rosto
mas não perguntei absolutamente nada
li na sua face um incontornável desgosto
a minha formosa Deusa estava perturbada

Limitei-me a seguir os seus celestiais passos
em silêncio, atrás de Ártemis eu caminhei
chorava a Deusa, ouvi-a soluçar a espaços
por amor à bela Ártemis, também eu chorei

Pressenti uma história, sem saber o enredo
por fim senti chegado o nosso objectivo
um calafrio percorreu meu corpo, era medo
junto ao mar estava Apolo, eis o motivo

"Não temas" avisou Ártemis com confiança
"Junto a mim estás seguro" confiei cegamente
Apolo chorava como uma imberbe criança
deixei de vê-lo como Deus, vi-o como gente

"Porque choras meu querido e excelso irmão?"
"que mal aconteceu para tua celeste tristeza?"
Apolo demorou a responder para sua aflição
e quando respondeu utilizou uma certa dureza

"Maldito Zéfiro, filho ignóbil de Deus profano"
"é ele o causador deste choro e do meu brado"
e a mim disse:" Não te quero mal a ti humano"
"choro assim por ter perdido um mortal amado"

Tranquilo disse-lhe:" Pela tua perda muito sinto"
"de quem falas tu ó sublime Deus?" perguntei
"Falo de um jovem muito belo chamado Jacinto"
"que por culpa desse vento maldito, eu matei"

"Descansa irmão que Jacinto será lembrado"
disse Ártemis conseguindo aplacar-lhe a dor
"No local onde morreu, seu sangue derramado"
"nascerá de novo o teu Jacinto, uma nova flor" 

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Caminhos 3 - Momento embaraçoso

Caminhei por mil reinos desta terra
poucos foram os que me deram guarida
atravessei regiões sempre em guerra
onde a paz não existe sendo querida.

Ártemis esteve sempre do meu lado
mesmo quando mais ninguém a via
e sendo eu, por inimigos, capturado
nunca deixei de ter a sua companhia

"Porque me acompanhas Deusa formosa?"
perguntei-lhe um dia, após uma batalha
"Apenas porque sou uma Deusa teimosa"
"que não se atemoriza quando Zeus ralha"

"Sou um pouco como tu, ó bravo mortal"
"simpatizo contigo só por seres valente"
estas palavras fizeram-me sentir especial
"O que me dizes deixa-me muito contente"

"Esconde-te em minhas vestes" gritou ela
assim o fiz por sentir toda a sua urgência
agarrei-me ao seu corpo sob curta farpela
a visão que tive quase me levou à demência.

A minha condição de mero humano mortal
nunca se fez sentir com tamanha intensidade
estando eu encostado a um belo corpo fatal
não há homem que aguente, essa é a verdade.

"O perigo já passou" sussurrou " Podes sair"
rubro de embaraço, às suas ordens obedeci
"Tens a carne fraca" acusou sempre a sorrir
não disse uma só palavra e apenas enrubesci.

"Não te acanhes por sentires em ti o desejo"
"mas desilude-te, meu destino é a castidade"
sorriu-me docilmente e soprou-me um beijo
achei-me feliz apenas por sentir a proximidade.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Caminhos 2 - Adeus Hércules! Olá Ártemis!

Conheci Hércules quase no fim da sua vida
muito depois dos doze serviços a Euristeu
foi-me muito difícil superar a despedida
ver um amigo queimado na pira que concebeu.

Mas a sua violenta morte foi apenas o início
após ser cremado, ganhou a imortalidade
depois do Equinócio vem sempre o Solstício
em mim ficou a recordação e a amizade.

Confesso que fiquei um pouco perdido
nas minhas palavras até eu próprio me enrolo
vagueei por este mundo fora, algo aturdido
até encontrar Ártemis, Deusa irmã de Apolo.

"Quanta sensualidade em vestes de caçadora"
pensei quando a casta Deusa se apresentou
"Agora serei eu a tua guia protectora"
afagou-me o rosto onde um beijo depositou.

"Não julgues que será mais fácil para ti"
"o resto da tua cruzada neste eterno degredo"
perante estas palavras apenas lhe sorri
"Junto de ti Deusa, jamais sentirei medo".

Ela riu, como uma Deusa deve sempre rir
devolveu-me o sorriso e puxou-me pela mão
"Vem, chegou a hora da viagem prosseguir"
"aceleremos o passo, vem aí o meu irmão".

Olhei em redor e não vislumbrei nenhum Deus
mas confiei na hora no que Ártemis me dizia
"Podes olhar, mas fracos são esses olhos teus"
afirmou convictamente, atrás dela eu seguia.

"Para mortal tens demasiada ousadia e coragem"
"desafiaste todos os Deuses sem algum receio"
"por isso sofrerás durante toda esta viagem"
"e ainda nem sequer chegaste perto do meio".

Eu escutei com atenção a sua melodiosa voz
e em silêncio pensava na sua divina beleza
"Como ousaste fazer frente a todos nós?"
"tu és mais fraco, mas admiro tua destreza".

Dito isto enrubesci, mas a viagem prosseguiu
Eu e a belíssima Deusa Ártemis, lado a lado
par igual nunca no mundo alguém viu
uma Deusa faladora e um mortal calado.

domingo, 1 de agosto de 2010

Caminhos - Introdução

Sou filho de um Deus não referenciado
por esse motivo caí na ira da divindade
pelo tribunal do Olimpo fui condenado
o próprio Zeus me negou a felicidade

"Segue o teu próprio caminho ó mortal"
Gritou-me Apolo com funesto desdém
como se a minha vida lhe fizesse mal
e o meu pai celestial não fosse ninguém

Fiz-me à estrada sem qualquer rancor
"Quem precisa dos Deuses?" pensei
"Vou em busca de um grande amor"
"P'ró Inferno este Olimpo sujo" gritei

Ainda ouvi as gargalhadas celestiais
nunca olhei para trás, segui em frente
"Ao real Olimpo não voltarei mais"
"Não me merece, este tipo de gente"

Zeus ouviu todos os meus pensamentos
pressentiu em mim uma notável atitude
aumentaram então os meus tormentos
"Talvez assim ele compreenda e mude!"

Em meu auxilio veio Hércules mortal
deu-me o apoio que eu mais precisava
a sua companhia fez-me sentir especial
só tinha um defeito... nunca se calava

Juntos andámos pelas terras deste mundo
combatemos, lado a lado, mil mafarricos
transpusemos um érebo sujo e profundo
onde ardem, em lume brando, os ricos

Bebemos e ceámos em imundas tavernas
saboreámos iguarias em reinos encantados
pernoitámos em palácios e em cavernas
pelos Deuses fomos seguidos e vigiados

Desde então vivi mil inusitadas aventuras
estou mais que preparado para vos contar
peripécias cómicas e momentos de tortura
feitos heróicos e outros de envergonhar

Conheci Deuses de diversas civilizações
por vezes o mesmo com nomes diferentes
vi-me envolvido em revoltas e revoluções
privei com Reis, Imperadores e indigentes

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Poema de amigo



Como me orgulho de gritar para o mundo
O que meu coração sente e a alma exalta
Faço compasso de espera e respiro fundo
Tendo-te por amigo, nada mais faz falta

Sou feliz desde a hora em que te conheci
Sou mais rico pela tua constante presença
Em ti, algo de maravilhoso, eu descobri
Esse teu modo singular marca a diferença

Sei que posso contar contigo na desgraça
A reciprocidade também existe deste lado
Nem só nas horas boas tu foste comparsa
Também estiveste no instante complicado

Em teus braços encontro porto de abrigo
Dás-me a necessária segurança de aço
Estou abençoado por te ter como amigo
E desta linda amizade eu não me desfaço

Ainda que na segunda pessoa eu insista
Este poema não é para ninguém particular
A quem servir esta pele, então que a vista
O poema é para quem assim se identificar

Este poema foi extraído do meu primeiro livro, AMADOR DO VERSO, e acho que se encaixa na perfeição no tema proposto pelos amigos do ESPAÇO ABERTO nesta nova blogagem colectiva.
Desde que decidi criar um blogue no blogspot, muitos têm sido os amigos e amigas com quem, por diversas razões, tenho desenvolvido alguma afinidade. Alguns até já conheci pessoalmente e posso dizer que a amizade transpôs a fronteira da virtualidade transformando-se em amizade bem real e palpável. Outros há que, sem que nos tivessemos conhecido pessoalmente, são igualmente importantes e fazem parte dos contactos que não quero perder;antes pelo contrário; pois a cada dia enriquecem-me mais. A lista é extensa, mas permitam-me fazer referência a meia dúzia de pessoas que me têm marcado ao longo deste tempo apesar da distância que nos separa e dos problemas pessoais que me têm impedido de interagir com a assiduidade pretendida. São elas: MARIA BÓZOLI, REGGINA MOON, ADRIANA LEALTATIANA MOREIRA, que têm estado comigo desde o início, amizades que eu muito estimo e cujo carinho transmitido
agradeço; RAFAEL CASTELLAR DAS NEVES, um parceiro tupiniquim; FLÁVIO MORGADO, jovem poeta que sempre deixa comentários motivadores; FLOR ALPINA, uma conterrânea que tem acompanhado os meus vários blogues, desde a Suiça, e que sempre deixa palavras carinhosas que muito me motivam; SONHADORA, outra conterrânea que sempre aparece para deixar o seu carinho e amizade; e DEIA uma seguidora mais recente cujos comentários marcam a diferença e enriquecem cada um dos poemas que aqui ponho ao vosso escrutínio. 
Eu acredito que as amizades não se devem agradecer mas sim desfrutar, e eu desfruto não só destas mas de todas as amizades que a blogosfera me têm permitido fazer.   

sábado, 24 de julho de 2010

Receita

Ataviado de cozinheiro, tomo o comando
aqueço minha sabedoria em lume brando
procuro os ingredientes para este refogado
uma colher de memórias, vou cozinhando
um pouco de experiência vou acumulando
assim confecciono sem receita a meu lado

Sem gramas de remorso por tudo que vivi
meio quilo de mágoas pelo amor que perdi
tempero que nesta vida sempre me faltou
uma pitada de conformismo p'lo que senti
meia dose de pecado cuja culpa já assumi
pós de desleixo que este coração queimou

Uma fatia de alma recheada de amargura
que misturo ao preparado antes da fervura
já falta pouco para revelar o meu segredo
aos sabores amargos junto alguma doçura
umas folhas de afecto para lhe dar textura
revolvo bem para não azedar com o medo

Esta cozedura está prestes a chegar ao fim
dou por terminada a receita criada por mim
embora falte uma sobremesa a esta refeição
um pouco de paz, cores e cheiro de alecrim
regado com aromas de rosas do meu jardim
e bebidas num cálice de cristalina inspiração

Este poema surgiu depois de ler o comentário que a minha amiga TATIANA MOREIRA deixou no poema anterior.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pecado

Atingido fatalmente pelo raio do trovão
chamuscou-se o músculo do meu peito
como marca dos Deuses num seu eleito
por crimes atrozes sem direito a perdão

Mortal fiquei e com mancha no coração
à vontade dos Divos eternamente sujeito
afinal, eu fiz a cama onde hoje me deito
e o que vivo, do que fiz, é vil retaliação

Conheço todos os pecados que perpetrei
distingo bem todas as falhas que obrei
de todos, sou o primeiro em penitência

A razão de cada pecado apenas eu a sei
amargo foi o sabor que de todos provei
afinal cada acto tem a sua consequência

terça-feira, 29 de junho de 2010

Faz de conta



Imaginem só esta situação caricata
eu nascia com outro sexo, diferente
manteria este feitio, sendo coerente
e nas orelhas teria brincos de prata

Provavelmente seria mãe bem cedo
uma solteirona infeliz ou divorciada
mulher de sete ofícios bem avisada
pura guerreira destemida sem medo

Quem sabe se não teria algum vício?
talvez trabalho ou cuidar do jardim
é difícil falar de tema tão complexo

Este faz de conta é só um exercício
jamais saberei se seria mesmo assim
nunca me imaginei com outro sexo

Este poema é a minha contribuição para mais uma blogagem colectiva do ESPAÇO ABERTO


terça-feira, 15 de junho de 2010

Amor que é meu

A ti agora eu confesso meu amigo
tens em teu poder algo que é meu
um eterno e esquivo amor antigo
que ao meu amor não respondeu

O meu grande amor vive contigo
tu conquistaste-o e agora sou eu
que sem amor na vida vivo e sigo
na saudade desse amor agora teu

Perdi esse amor que me faz falta
sem ele sou apenas um solitário
cuja alma, por amor, não exalta

Ganhaste tu um amor para a vida
porque foste bem mais temerário
de mim a coragem andou fugida

sábado, 12 de junho de 2010

Meu jeito de dizer que te amo

Entraste de mansinho na minha vida
pé ante pé, quase nem reparei em ti
apenas uma mulher em tudo contida
como tantas que entretanto conheci

de forma natural criou-se a empatia
com o tempo cresceu uma amizade
conversas distintas a cada novo dia
em edificante e inocente irmandade

um para o outro, fomos confidentes
sempre dispostos a ouvir e a apoiar
em períodos maus sempre presentes
e nos bons, preparados para festejar

mas um dia o destino fez-me tremer
tudo por culpa de um simples toque
não entendi o que estava a acontecer
estava confuso, em estado de choque

o meu coração acelerou, batia forte
nunca, na vida, senti tamanho furor
foi grande o descontrolo e desnorte
demorei a reconhecer que era amor

com os dias aumentou o sentimento
só de te ver, o meu coração exaltava
um dia, contigo, era só um momento
e a noite sem ti nunca mais passava

ainda hoje não encontro justificação
para essa cobardia que me acometeu
calei-me, não deixei falar o coração
por isso eu sou quem o amor perdeu

não falei, o que sinto apenas escrevi
e não sei se algum dia tu me vais ler
tu és o amor que eu entretanto perdi
tu és a mulher que eu jamais vou ter

meu consolo, amar-te pela eternidade
mesmo a sofrer de amor, não reclamo
dos meus poemas és musa de verdade
e este é meu jeito de dizer que te amo

Este poema é a minha contribuição para o desafio lançado pelo blogue ESPAÇO ABERTO.

sábado, 5 de junho de 2010

Da tua boca

Da tua boca quero um beijo, estou sedento
Não existe sede que eu mais queira saciar
Dos teus lábios, amor, sorvo o meu alento
E o alento dos teus beijos só tu podes dar

Da tua boca não vem nada, como lamento
Que triste é, os teus lábios, eu jamais tocar
Feliz seria eu se viesse esse feliz momento
E teus lábios a minha boca viessem beijar

Mas a tua boca anda bem longe da minha
E em outra boca tem depositado os beijos
Que esta minha boca tanto anseia e deseja

Por isso a minha boca aos poucos definha
E dela apenas se podem ver meros bocejos
Como é triste ter uma boca que não beija

domingo, 30 de maio de 2010

A minha poesia*

Revejo a minha poesia, o meu projecto
há tristeza e alegria neste meu trajecto
muitos versos, expressões de saudade
fiz poemas descrevendo como me vejo
outros tantos falam, amiúde, de desejo
todos eles testemunham minha verdade

Releio as minhas poesias mais antigas
odes que escrevi como redigisse cantigas
puros hinos ao meu mais puro sentimento
palavras que exprimiram o meu interior
motes de um aprendiz de poeta inferior
frases esculpidas pelo sentir do momento

Reflito nos instantes em que as escrevi
e questionando-me sobre tudo o que li
apenas me ocorre uma explicação vã
sobre o passado, quase tudo, eu já disse
sobre o presente, escrevo por carolice
sobre o futuro? Escreverei algo amanhã

*Poema extraído do meu 1º livro AMADOR DO VERSO

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Blogagem colectiva




Existem sonhos que não passam disso
e dificilmente os conseguimos realizar
mas por eles assumimos compromisso
são objectivos que propomos alcançar

Brigamos por essa causa sem desistir
fazemos uso de forças que ignoramos
nada nem ninguém nos pode impedir
de concretizar aquilo que desejamos

Eu lutei com todas as forças que tinha
agarrei com afinco uma oportunidade
nunca desisti, perseverei, fiz-me forte

A comprovar eis uma fotografia minha
momento registado para a posteridade
que conservarei como amuleto da sorte

Este poema é fruto do novo desafio lançado pelos amigos do ESPAÇO ABERTO

sábado, 15 de maio de 2010

Dissertação

Os comentários humildes e elogiosos
são génese, base de todo o meu alento
merecem mais que um agradecimento
e motivam estes meus dedos ociosos

Comentários simples, despretensiosos
vindos de onde existe inegável talento
vêm em boa hora, perfeito o momento
fundamentados por critérios rigorosos

Retribuo com uma simples prelecção
digo: O que escrevo sai naturalmente
quase sem esforço, do começo ao fim

Desde que seja tocado p'la inspiração
qualquer poema aparece num repente
eis como nascem os poemas em mim

Este poema é dedicado ao poeta FLÁVIO MORGADO que é um jovem com um talento ímpar como podem confirmar no seu blogue CADERNO DA CAPA VERDE e que sempre que aqui vem deixa palavras de incentivo que muito me honram e motivam. Esta é a minha forma de agradecer os seus comentários.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Sejamos fortes

Quando de nós se apega o desespero
E somos invadidos por grande tristeza
Ficamos a saber com toda a certeza
Que na vida não há sal, falta tempero

Mas a vida não é um grande mistério
Dependemos exclusivamente de nós
Basta aos nossos sentimentos dar voz
E levar esta vida muito mais a sério

Só se magoa quem se deixa magoar
Se formos fortes isso nunca acontece
Nada nem ninguém nos pode atingir

Sejamos firmes e só temos a ganhar
Façamos apenas o que nos apetece
E o vil desespero de nós vai desistir

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Assim me dou

Tenho uma paixão e não guardo segredo
Tenho na veia palavras que correm
E não me incomodo ao sangrar
Sou dador de versos que partilho
Sentimentos que vos ofereço
Sou um livro aberto.
Sou poesia ou talvez não
Dou o que quero e posso
Letras, palavras, frases, versos, ideias.
Sou uma história que relata
Emoções à flor da pele
Sentimentos na ponta da língua.
A minha voz é muda e ecoa em vossos olhos
Vocês lêem os meus lábios
Ficam com uma imagem do que sou
Ficam com uma ideia do que quero
Ficam a saber o que penso.
Faço da poesia o meu grito de revolta
Escrevo a minha presença no mundo
Rasgo-me em pedaços de sentido
Dou-me retalhado mas compreensível.
Assim deixo ao mundo o meu legado
Herança maior do que a que me foi deixada
Tudo isto partilho e vos deixo
Sem testamento nem últimas vontades.

Espelho d'água

Diz-me ó espelho d'água
por que me reflectes curvilíneo,
destorcido da realidade.
Diz-me a razão pela qual
me desfiguras assim.
Diz-me ó espelho d'água
por que inventas a minha face
tão distante do que sou.
Diz-me a razão pela qual
não levas a minha imagem
na corrente do teu leito.
Diz-me ó espelho d'água
por que me vês o inverso do que sou.

sábado, 1 de maio de 2010

Desabafo

Imagino o teu rosto sorridente
claro como o Sol do meio-dia
fantasio nesta minha fantasia
o meu âmago sempre carente

Ilusório é esse sorriso luzente
bem real era como eu o queria
mas não sei como fazer magia
e dar à vida um tom diferente

Sei que vives no alto do monte
bebes amor de uma outra fonte
a tua sede há muito foi saciada

A ti, não consigo chegar perto
nem do amor por ti me liberto
ficaste com tudo, eu com nada

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Outono distante



Estando eu a desfrutar da Primavera
não nego que no outro lado da esfera
existe alguém a viver noutra estação
é o ciclo da vida, manda a Natureza
até o Outono despido tem sua beleza
e cada Inverno simetriza o seu Verão

Estando aqui a sentir o odor das flores
embriago o meu olhar com mil cores
animado, fico longe do vil abandono
noutra latitude há quem siga o vento
e, nostálgico, veja estrelas ao relento
numa noite calma e serena de Outono

Enquanto aqui as abelhas se regalam
e os rouxinóis dificilmente se calam
sob um céu azul aceso pelo Astro-rei
num outro lugar deste mundo imenso
mas no mesmo mundo a que pertenço
labutam formigas seguindo a sua lei

Nestes dias maiores e pejados de luz
há uma atmosfera saudável que seduz
e nos liberta das tristezas do passado
noutros espaços, ligeiros são os dias
mas também florescem mil empatias
porque Outono tem muito significado

Aqui estreiam infinitos novos namoros
mil beijos são trocados como tesouros
antecipam-se alguns amores de Estio
noutras paragens há afectos findados
outros ainda resistem e são blindados
com o calor da paixão, cortesia do frio

Apesar de respirar outra estação do ano
posso dizer com certeza e sem engano
que todas têm o seu charme e encanto
a Natureza é uma força esplendorosa
no seu saber demonstra ser prodigosa
e a cada estação enche-nos de espanto

Agora o Outono está-me algo distante
mas quando vier, recebê-lo-ei radiante
como o noivo espera a noiva no altar
mas neste momento apenas o namoro
e sussurro-lhe baixinho: Eu te adoro!
a seu tempo viremos a nos encontrar.

Este poema é a minha contribuição ao convite/desafio que me foi feito pelo blogue ESPAÇO ABERTO

sábado, 24 de abril de 2010

Passo a passo



Passo a passo assim vou caminhando
busco dar somente os passos seguros
tento ser feliz por onde vou passando

Passo a passo fujo dos trilhos escuros
mas nem sempre é fácil os passos dar
lutando contra cursos pedregosos, duros

Passo a passo eu continuo a caminhar
sem saber por onde o destino me leva
mesmo assim, por ele, deixo-me levar

Passo a passo a minha ânsia se eleva
a patamares nunca antes alcançados
e não sei se estou a ir para onde deva

Passo a passo muitos passos são dados
e nesses passos passo a vida pensando
menos nos passos futuros que passados

Quero agradecer a todos os amigos e amigas que me têm enviado mails a questionar sobre o meu estado de saúde após a cirurgia a que fui submetido. Obrigado pelo vosso carinho. 

domingo, 18 de abril de 2010

Vínculo

Sem ser poeta, sou aquele que acredita
que p'los meus poemas alguém medita
sem modéstia, tenho algo a acrescentar
mesmo que agora ainda não se reflicta
por recentemente ter entrado em compita
sei que pela poesia encontrarei um lugar

Tento agarrar-me a certezas, sem desnorte
com passos seguros tento ficar mais forte
as minhas metas poderei assim alcançar
a perseverança é o meu amuleto da sorte
com o desleixo farei um umbilical corte
pois agora que entrei quero por aqui ficar

Continuo assim a fazer a minha poesia
sem génio nem feitiços prossigo a magia
por, nas minhas verdades, ainda acreditar
mesmo se as palavras roçarem a fantasia
e num ápice alguém me acusar de heresia
da poesia, jamais me poderão desvincular

terça-feira, 13 de abril de 2010

Anjo meu

Fecha os olhos
imagina aquela praia de areia branca
o céu azul, a tua tonalidade.
Estende a mão
sente a minha que a prende.
Vem, vamos caminhar lado a lado
deixa que a brisa beije o teu rosto
te enfune o cabelo.
Juntos de mão dada
eu e tu
vamos, passo a passo,
pisar a areia fina
e sentir a suavidade de cada grão.
Por cada passo dado
deixa cair de ti uma gota de amargura
deixa que a areia absorva a tua tristeza
liberta-te desses medos
exorta os teus fantasmas.
Se te sentires insegura
aperta a minha mão.
Vem, senta-te aqui comigo
sente a maresia
o cheiro do mar que te quer alcançar
escuta as ondas que se vêm prostrar a teus pés.
Sei que gostas do som da rebentação
ouve como riem as ondas
que vêm brincar na areia
são ondas felizes
deixa que te contagiem.
Agora abre os olhos
não me vês
mas tens a mão apertada
confusa não entendes o que se passou
mas é simples de entender
não me vês
nunca me verás
mas estarei sempre a teu lado. 

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Confiança*

Para em alguém eu poder confiar
Em mim tenho de ter confiança
Só assim poderei no mundo acreditar
E saber que ainda há esperança

E porque em mim próprio acredito
No mundo posso e devo confiar
Sobre a confiança muito foi dito
E muito há ainda para se falar

Confiar não é fechar os olhos e cair
Saber que alguém nos vai amparar
A confiança está bem mais no sentir
Que em nós alguém está a acreditar

A confiança não existe sem existir crer
Confiança é um simples modo de vida
Sem confiança não se sabe de todo viver
Confiar é mais uma unidade de medida

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

domingo, 11 de abril de 2010

Os poemas que te escrevi

Já não sei o que te escrevi
já perdi a conta aos poemas
já não sei onde andam os poemas
que te tenho escrito.
Já te escrevo há uma eternidade
já perdi a noção do tempo
já perdi imensos poemas
poemas que escrevi para ti.
Não sou poeta das letras
muito menos das frases
mas escrevo-te estes poemas
que se perdem no tempo
e que tu nunca vais ler.
Quantos poemas te escrevi?
Não tenho nem ideia
mas foram muitos
mais do que a conta.
Onde estão os poemas que te escrevi?
Não sei
e duvido que alguém saiba.
Posso vir a encontrar alguns
não encontrarei todos.
Posso nem saber dos poemas que escrevi
porque já te escrevo há muito tempo
demasiado tempo
foi tempo perdido?
Não creio.
Tudo o que te escrevi
e não encontro
foi sentido
foi escrito por amor
foi escrito com amor
foi perdido por amor.

domingo, 4 de abril de 2010

Amor eterno

És  imagem bem viva e nítida
nesta minha memória
não te consigo esquecer
não te quero esquecer.
Mil episódios eu me lembro
onde és figura de proa
e me volto a ver
como homem apaixonado.
Lembro-me de momentos passados
revivo conversas que tivemos
saio de mim
e assisto às nossas confidências.
Vejo o que talvez tenhas visto
ou não te apercebeste
vejo diante de ti
um homem apaixonado
com um olhar brilhante
onde a tua beleza se reflecte
vejo um homem calado
mas com vontade de dizer
alto e bom som
que te ama
como nunca amou ninguém.
Vejo o frémito invisível
que lhe percorre o corpo
sempre que está na tua presença.
O mesmo frémito invisível
que agora percorre o meu corpo
só de pensar em ti.
O tempo passa indiferente
não se perturba com o que sinto
o tempo passa
mas o amor permanece
por ser eterno.

domingo, 28 de março de 2010

A vida que merecemos

São tantas as voltas que a vida dá
e sim, rodamos como num carrossel
trilhamos caminhos ao Deus dará

somos simples papagaios de papel
nas mãos do nosso próprio destino
voamos neste nosso céu de Babel

nossas vidas são um mero desatino
sem ponta por onde se possa pegar
triste sina, triste fado este triste hino

somos peões sem tabuleiro nem lugar
simples peças num jogo de xadrez
cujo final não sabemos vislumbrar

esperamos que chegue a nossa vez
tentamos alcançar um xeque-mate
a cada lance provamos só insensatez

nossos desejos, não há quem acate
então argumentamos apenas teoria
que de pobre, facilmente se rebate

nesse caso expelimos uma heresia
sem disso, sequer, nos apercebermos
e refugiamo-nos numa vil fantasia

não pensamos mas logo dizemos
que a nossa vida é triste, feia e má
afinal, temos a vida que merecemos!

domingo, 21 de março de 2010

Poemas *

Aqui neste meu pequeno quarto de magia
Onde o vosso guerreiro encontra descanso
Releio tudo o que escrevo, faço um balanço
Dou asas à inspiração, nasce minha poesia

Já escrevi inúmeros textos, vários os temas
Múltiplas foram as formas que eu encontrei
Redigi apenas o que quis, o melhor que sei
São pedaços de mim retratados nos poemas

São meus filhos, por eles dou a própria vida
São os meus queridos meninos, a minha voz
E que mal nascem dou a conhecer ao mundo

Cada poesia é mais que uma emoção contida
É um lavar de alma desfazendo todos os nós
É conhecer o "EU" interior e mais profundo

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO
Podem continuar a acompanhar as reportagens da apresentação do livro aqui ou através do link no topo do blogue.

domingo, 14 de março de 2010

SOU IX *

Sem ser Torga, O'Neill nem Pessoa
A minha poesia tem pés para andar
Louca profecia por eu tanto a amar
Insana ilusão que desta caneta escoa

Qual real seiva de intensa mensagem
Prenhe de vida, é esta minha poesia
Com sentimento, tristeza ou alegria
Temas humanos, cobardia e coragem

Como Fénix renascida, jamais morta
Sou Lorca, o morto que sempre viveu
Tenho em mim um pacto com a sorte

Vou escrevendo igual em linha torta
Sou fiel amigo da cultura do "EU"
Como sou e serei, mesmo na morte

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

domingo, 7 de março de 2010

Se eu fosse...*

Se fosse astronauta na Lua viveria
Nunca ninguém me encontraria
Talvez assim pudesse descansar
Ficava escondido numa cratera
Se fosse astronauta, quem me dera
Lá viver e nunca mais regressar

Se fosse marinheiro de verdade
Mergulhava a grande profundidade
E viveria mesmo no leito do mar
Ficava escondido lá bem no fundo
Estaria longe dos olhos do mundo
Onde ninguém me fosse procurar

Se fosse mineiro das profundezas
Estaria certo entre outras certezas
De ter encontrado um bom lugar
Enclausurado entre xisto e basalto
Viveria sem qualquer sobressalto
E jamais alguém me ia encontrar

* Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

terça-feira, 2 de março de 2010

Sentidos

O perfume que em mim se entranhou
Fez conquista, não consegui resistir
É um bálsamo que ainda se faz sentir
Deu-me um abraço e jamais se afastou
De uma excelsa fragrância sou refém
Fiquei preso, mas esta prisão até convém
Foi um doce aroma que me encarcerou

O sabor que nos meus lábios habita
É um pingo de néctar com aura celeste
Fruto daquele doce beijo que me deste
Como quem sabe o que vale e acredita
Veio de ti este agradável gosto amimado
Oh meloso prazer em tudo inesperado
Como desejo que esse momento se repita

O toque de pele que meu corpo sofreu
Causado pela urgência de uma vontade
Ainda me faz vibrar de gozo e felicidade
Sem que compreenda o que aconteceu
Esse deleitoso contacto foi o bastante
Para tornar esse momento importante
E não ser apenas um toque que se deu

O sorriso que meus olhos puderam ver
É um raio de sol brilhante e sedutor
Com luz própria, qual farol auxiliador
Que nos impede de, nas rochas, bater
Sinal de alegria e extrema satisfação
Maravilhosos estes sorrisos que se dão
Patenteando não só agrado como prazer

O suspiro que suou nos meus ouvidos
É melodia divina, pelos anjos cantada
Sons perfeitos escutados na madrugada
Que sendo únicos, não serão repetidos
Louvo quem expressa o seu sentimento
De um modo mais nobre que lamento
Falo, é claro, dos excitantes gemidos

Este poema foi extraído do meu livro "AMADOR DO VERSO".

Quem quiser ver as fotos e as reportagens da sessão de lançamento pode clicar aqui ou no link que está no topo deste blogue.

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Quero*

Quero fazer amor contigo agora
Em ti eu preciso me envolver
Para aplacar este meu querer
Sinto urgência pela demora
Vem ficar aqui a meu lado
Neste leito onde estou deitado
Vem até mim, este que te adora

Quero-te perto de mim e beijar-te
Perfumar-me com o teu suave odor
Sentir nos lábios o teu doce sabor
Ver o teu corpo como forma de arte
Escrever em ti todos os meus poemas
Livrar-me destes funestos dilemas
E da infelicidade, poder libertar-te

Quero sentir o corpo que me cativa
Acariciá-lo até à extrema exaustão
Sentir em ti a premente combustão
Que suavizarei com a minha saliva
Quero adivinhar em ti a fervura
Levar-te-ei sem tréguas à loucura
É essa a condição que me motiva

Quero, o teu corpo, poder sentir
Neste meu corpo pleno de desejo
Em teu regaço depositar um beijo
E se me deixares, poder repetir
Quero fazer em ti todas as delícias
Inundar-te com as minhas carícias
E voltar a ver o teu rosto sorrir

Quero beijar-te de pólo a pólo
Vou amimar esse corpo inteiro
Serei o teu amante, o teu parceiro
Juntos poderemos perder o controlo
Não daremos conta dos segundos
Estaremos ausentes noutros mundos
Do universo seremos núcleo, miolo

Quero que te envolvas em mim
Sentir-te aninhada no meu peito
Dar-te o prazer a que tens direito
E deixar-te perpetuamente assim
Fazer amor contigo ao sabor do vento
Prolongar no tempo esse momento
Esperando que ele não chegue ao fim

Quero sentir de ti, todo o teu calor
Poder envolver-me em teus braços
Superar todos os receios, embaraços
Sem o estorvo de tabus, sem pudor
Quero entrar em ti com delicadeza
Desfrutar desse momento de beleza
Quero, contigo, poder fazer amor

Quero ouvir da tua boca um gemido
Ver acelerar o ritmo da tua respiração
Sentir na pele a nossa transpiração
Fruto desse acto, por ambos consentido
Só assim concebo haver algum nexo
Em unir os nossos corpos pelo sexo
E sentir o prazer por ambos merecido

Quero sentir em ti todo o prazer
Que sentem dois corpos unidos
Perder, por ti, todos os sentidos
E o momento não poder descrever
Quero o teu corpo de lés a lés
Ondular em ti ao sabor das marés
E quando acabar, voltar a fazer

Quero fazer amor contigo, mulher
Chamar-te amor, doce e querida
Voltar outra vez ao ponto de partida
É a ti que este meu corpo quer
Ter-te em meus braços é urgente
Digo aquilo que me vai na mente
E sempre direi o que ela quiser

Quero sussurrar nos teus ouvidos
E levar-te quase à inconsciência
Conseguir ver-te em transparência
Quando estiveres a perder os sentidos
Salvar-te da insanidade por um triz
Deixar no teu rosto um sorriso feliz
Ao libertarmos os nossos fluídos

Quero-te a meu lado, na minha cama
Nestes lençois quero a tua nudez
Poder amar-te uma e outra vez
Pois, por ti meu corpo reclama
Espero por ti, envolto em ansiedade
Quero dar-te pedaços de felicidade
É por ti que este poema chama

* Poema extraído do meu livro "AMADOR DO VERSO"

Quem quiser ver as fotos e as reportagens do lançamento clique aqui ou no link que está no topo do blogue.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Luta de poeta*

Sozinho no meu canto
que não é secreto
liberto o meu pranto
e também me liberto
Dou asas ao sentir
e sinto-me em paz
do pranto vou emergir
e voltar a ser audaz
De mim próprio sou réu
sem ter culpa formada
escapar-me-ei do breu
iniciarei nova jornada
Lutarei contra o mundo
num combate final
nem novo golpe profundo
me poderá fazer mal
Mesmo com nova cicatriz
não sairei magoado
sou como o destino quis
pela vida fui marcado
Já sarei muitas feridas
recebi imensas facadas
que nas costas recebidas
são pequenos nadas
Uma vida em aprendizagem
aprender até morrer
viver a vida com coragem
é sinal de saber viver
Da luta não vou fugir
nem tão pouco recuar
da adversidade vou rir
contra o medo vou lutar
Neste combate individual
não há nenhum aliado
nem vejo um só sinal
de estar acompanhado
Nada correrá para o torto
pois em mim tenho fé
mesmo que acabe morto
saberei morrer de pé

* poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Solidariedade lusa

Ouve-se a voz ríspida da natureza
um ralhar acompanhado de pranto
descem mil trevas sobre o encanto
ignorando se é uma ilha de beleza

Força provida de uma fatal dureza
nos humanos causa vasto espanto
então o desespero aparece e é tanto
nos rostos nada mais há que tristeza

No meio de tanta angústia e aflição
num caos instalado de ignota lama
ouve-se lamentar a sorte madrasta

O povo luso em uníssono dá a mão
vai solidário acudir quem o chama
na hora difícil o povo não se afasta

Poema dedicado a todos os habitantes da ilha da Madeira, que estão a viver momentos difíceis e de tragédia.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Recomeço

E porque esta vida não pode parar
volta-se ao início para recomeçar
volta-se novamente à estaca zero
o que escrevi abdicou de ser meu
com os outros poetas já aconteceu
e ser como os poetas é o que quero

Uma etapa findou, outra já aí vem
é o ciclo da vida que cada um tem
o difícil já foi, por mim, alcançado
agora, é outra a responsabilidade
reclama-se de mim a continuidade
e poesia como a que tenho criado

Já não sou estranho a este mundo
existe um conhecimento profundo
daquilo que sou, do que posso dar
já não passo, no mundo, indiferente
apesar de ser como toda esta gente
que procura, ao Sol, ter o seu lugar

O melhor é esquecer o que alcancei
fazer o que gosto, o melhor que sei
tudo o resto virá de forma natural
continuar a ser eu é o que prometo
ao envaidecimento não me remeto
serei amador do verso até ao final

Um fim de tarde frio

Um sonho que se transforma em realidade
um objectivo que me enche de felicidade
um par de horas de muito boa disposição
uma bela plateia que vem ver a novidade
prestigiando este autor pejado de vaidade
momento faustoso om alguma comoção

Um fim de tarde frio que rápido aqueceu
uma assistência que este poeta conheceu
e me viu tal qual eu sempre me apresento
vieram muitos, mas alguém se esqueceu
a preferência a outros espectáculos deu
mas em verdade digo que não o lamento

Aos que vieram declaro a minha simpatia
a vossa presença impregnou-me de alegria
jamais esquecerei quem assim me honrou
vieram por mim, levaram a minha poesia
que eu tinha amigos, já há muito o sabia
mas por via das dúvidas, ontem se provou

Por terem estado bem perto, ao meu lado
num dia especial e repleto de significado
neste momento tão importante para mim
a todos deixo o agradecimento, obrigado
p'la vossa amizade eu sinto-me abençoado
quero no futuro ter mais momentos assim

Dedico este poema a todos os familiares, amigos e amigas, amigos da familia e amigos dos amigos que resolveram partilhar comigo este meu momento de realização especial. 

Quem quiser saber como correu esta sessão de lançamento do AMADOR DO VERSO pode ler as minhas crónicas clicando aqui.  As fotos do evento só estarão disponíveis na próxima semana. 

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Poema que nasce * - CENTÉSIMO POEMA PUBLICADO NESTE BLOGUE

O poema nasce, eu nada posso fazer
palavras simples, que o tempo urge
nada mais resta, tenho de escrever
em papel mais este poema que surge

A caneta dá um corpo à minha poesia
que brota de uma fonte inesgotável
bela forma de começar um novo dia
haverá outro modo mais agradável?

Desperto com a mente em turbilhão
começo a ortografar logo em jejum
assim me é ordenado pela inspiração

As palavras esbarram nas suas rimas
obstáculos, nunca vislumbro nenhum
além ficam os epítetos "obras primas"

* este é um dos poemas que compõe o meu primeiro livro AMADOR DO VERSO e que foi lido na apresenteação pelo poeta ANTÓNIO BOAVIDA PINHEIRO 

A TODOS OS QUE ESTIVERAM PRESENTES O MEU OBRIGADO.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Quando...

Quando a tristeza abraça a tua vida
e nada mais vês além de escombros
pensa que aqui encontrarás guarida
no aconchego destes meus ombros

Quando o mundo parece desmoronar
e dificilmente encontras uma saída
pensa no amigo que te pode amparar
sem exigir de ti uma só contrapartida

Quando tudo se assemelha a desgosto
e só pensas no pior, só queres desistir
lembra-te de limpar o teu belo rosto
há aqui alguém que te quer ver sorrir

Quando a vida é um grande embaraço
e o calor do dia dificilmente te aquece
basta dares um sinal, terás um abraço
deste teu amigo que nunca te esquece

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Dia D

Que calma é esta que se instalou
não sinto uma ponta de ansiedade
estou tranquilo, essa é a verdade
a serenidade veio e em mim ficou

Sempre pensei que seria diferente
bem mais nervosa a minha reacção
sem euforias, digo: Estou contente!
mas plácido, sem grande apreensão

Até parece que já sou um veterano
habituado a viver estas andanças
centro das atenções, primeiro plano

O que pensar disto não sei ao certo
e de o saber não tenho esperanças
quanto ao dia D, já está tão perto!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Um toque

Um toque de pele, toque fortuito
meu corpo estremeceu de arrepio
aqueci e entrei em curto circuito
algo que este corpo nunca sentiu

Um toque acidental foi o bastante
para minh'alma avistar a verdade
acompanhar o coração palpitante
batida frenética, que intensidade!

Consciência despertada p'lo toque
um sentimento grandioso, mágico
corpo e mente logo aprisionados

Um homem em estado de choque
momento que se revelaria trágico
coração desfeito em mil bocados

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mãos à obra

Início de ano, novas intenções
depois do balanço, projecções
ano para novas metas alcançar
mãos à obra que já se faz tarde
enquanto o estímulo 'inda arde
para o entusiasmo não s'apagar

Entremos desde logo em acção
lapiseiras em riste e inspiração
libertem esses génios criadores
vamos dar poemas ao ano novo
emitir na poesia a voz do povo
sendo escrutinados p'los leitores

Façamos odes aos sentimentos
alegremos p'los padecimentos
pintemos com letras as alegrias
criemos mundos da nossa lavra
dando uma vida a cada palavra
exultemos pelas nossas poesias

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sonho utópico

Vislumbrei um Sol de tons brilhantes
que me deu ânimo, alguma esperança
vi esse Sol no sorriso de uma criança
lembrei-me do brilho que havia antes

Testemunhei o nascer de uma nova era
uma outra forma de encarar esta vida
com mais paz e alegria, menos sofrida
sublime como a chegada da Primavera

Nesse momento também eu me alegrei
tudo em meu redor era festa e euforia
como era sereno esse mundo d'encanto

Então, contra a minha vontade, acordei
o Sol no sorriso da criança eu não via
e desfiz-me em lágrimas, longo pranto

sábado, 30 de janeiro de 2010

Falta de valores

No mundo, o que mais se enxovalha
é o suor do pobre povo que trabalha
e o rubro sangue por ele derramado
a mesquinhez é vista como medalha
honra é uma máscara feita de palha
o mau carácter chega a ser ensinado

A mentira tem alto valor no mercado
o embuste é permitido e incentivado
intrujar já é uma rede de larga malha
a falsa argúcia é um poder instalado
o Zé-povinho trabalhador é ignorado
que apenas se respeita quando calha

E quando a garganta colectiva ralha
ao desvalido não há quem lhe valha
seu grito é imediatamente censurado
morre a questão enquanto acendalha
castiga-se o espírito a fio de navalha
e o resto do mundo olha para o lado

Aconselho todos os amigos e amigas que me visitam a lerem este artigo sobre poesia que hoje apareceu no DN. A nossa querida MARIA PAULA RAPOSO é uma das figuras da poesia portuguesa contemporânea referenciadas.

Valor de um amigo

No ciclo de amigos que fazemos na vida
há alguém que nos desperta mais afeição
uma pessoa que considerada como irmão
vale bem cada instante d'amizade sentida

Para se viver uma existência bem vivida
se remorsos, pesar, tristeza ou frustração
nada como sentir uma falta de obrigação
em coroar cada gesto d'amizade recebida

Ninguém quantifica o valor de um amigo
o carinho puro não exige nada em troca
faz-se tudo para se manter um camarada

Quem diz: Conto contigo... conta comigo!
sabe qual o sentimento que isso provoca
e sem amigos esta vida tem valor de nada

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Fogo que arde

Amor é fogo que arde sem se ver
há muito tempo que eu oiço dizer
e ainda não sei se hei-de acreditar
o fogo queima, sinto o corpo arder
é dor que sinto, nada disto é prazer
por amor ninguém merece queimar

Amor é fogo que arde sem se ver
mas eu vejo o meu coração arder
e a minha alma está a acompanhar
esta dor estou decidido a combater
não vejo quem me possa socorrer
e este incêndio consiga apaziguar


segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Neste jardim encantado

Neste jardim encantado da poesia
desabrocham versos de mil cores
motes cuidados, perfeitos amores
palavras sábias em perfeita elegia

Neste jardim encantado da poesia
nascem poemas de vários odores
palavras com perfumes sedutores
aromas que se renovam cada dia

Neste jardim encantado da poesia
planto as sementes da minha verve
rego com amor este meu canteiro

Crio estas belas flores da fantasia
por este jardim meu sangue ferve
sou aprendiz de poeta e jardineiro



domingo, 24 de janeiro de 2010

Nosso fado

Numa sala cheia de fumo e gente
quando o silêncio a nós se agarra
ouve-se o trinar de uma guitarra
ouve-se a voz do fado comovente

Numa cadência certa e imponente
o fadista clama poesia com garra
a viola acompanha-o nesta farra
fado! Qual dos dois mais o sente

Cantiga boémia, bem portuguesa
bandeira de uma nação tamanha
pátria da melancolia, da saudade

Cantiga triste mas cheia de beleza
voz dum povo que a vida amanha
nosso fado, filho da portugalidade

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Criação poética

Estudo e releio as poesias dos mestres
tento apreender o que o poeta me diz
decifro poemas citadinos e campestres
com a atenção dum genuíno aprendiz

Capto o essencial dos versos lavrados
faço a minha análise, aclaro as ideias
pretendo subir ao nível dos aclamados
através destas minhas poesias plebeias

Sorvo o mais fundamental de cada um
abono ao meu estro doses de sabedoria
alimento-me seguindo o meu criterium
em cada verso maior mendigo energia

É nos poemas que recito que me educo
é pelas filosofias sapientes que me crio
encontro saber até num poema caduco
a força do lirismo aquece o meu estio

Em cada trova vislumbro a inspiração
que brota com violência dum tornado
por cada rima aflora o acto de criação
parte imponente dum trajecto iniciado

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Convite


O autor, EMANUEL LOMELINO e a TEMAS ORIGINAIS têm o prazer de o convidar a estar presente na sessão de lançamento do livro AMADOR DO VERSO a ter lugar no Auditório do Campo Grande, 56, em Lisboa, no próximo dia 13 de Fevereiro, pelas 19.00 horas

Obra e autor serão apresentados por PAULO SANTOS

É com muito orgulho e satisfação que deixo aqui este convite, para o lançamento do meu 1º livro de poesia, a todos os amigos e amigas da blogosfera que queiram e possam aparecer. A todos agradeço os comentários motivadores, a força e coragem que me transmitiram e me levaram a dar este passo importante. O "AMADOR DO VERSO" também é vosso.

Quero deixar aqui um agradecimento público a uma pessoa especial, AUSENDA HILÁRIO, não só pelo carinho e amizade revelados ao longo deste meu trajecto na blogosfera, mas também pela disponibilidade em escrever o belíssimo prefácio deste meu primeiro livro. Amiga, já te transmiti pessoalmente mas quero que todo o mundo saiba o quanto me sinto honrado por teres aceite prefaciar este meu sonho. A amizade não se agradece mas sinto-me abençoado por ter a tua.


terça-feira, 19 de janeiro de 2010

A razão de te amar

Não preciso olhar para te ver
conheço cada recanto do teu rosto.
A tua imagem está gravada em mim
como película fotográfica.
Não preciso cheirar para te sentir
conheço o teu aroma adocicado.
O teu perfume está entranhado em mim
como um bálsamo celeste.
Não preciso ouvir para te escutar
conheço o teu som, cada timbre, cada nota.
A tua voz ecoa em mim
como canto de sereia.
Não preciso tocar para te sentir
conheço cada célula que te compõe.
O teu corpo é um mapa sem segredos
uma estrada feita de desejo.
Só não conheço o teu sabor
jamais senti nos lábios o gosto da tua boca
nunca sorvi o ar que respiras.
Por tudo isto não compreendo
a razão de te amar.

sábado, 16 de janeiro de 2010

O tempo

O tempo resolve
envolve e projecta
o tempo pode
tem carta verde
tudo lhe é permitido.
O tempo é rei e senhor
dos sentimentos
da penúria e da abastança.
O tempo é multicolor
e multifacetado.
Pelas suas tonalidades
e vastas facetas
sofremos a passagem do tempo.