segunda-feira, 26 de julho de 2010

Poema de amigo



Como me orgulho de gritar para o mundo
O que meu coração sente e a alma exalta
Faço compasso de espera e respiro fundo
Tendo-te por amigo, nada mais faz falta

Sou feliz desde a hora em que te conheci
Sou mais rico pela tua constante presença
Em ti, algo de maravilhoso, eu descobri
Esse teu modo singular marca a diferença

Sei que posso contar contigo na desgraça
A reciprocidade também existe deste lado
Nem só nas horas boas tu foste comparsa
Também estiveste no instante complicado

Em teus braços encontro porto de abrigo
Dás-me a necessária segurança de aço
Estou abençoado por te ter como amigo
E desta linda amizade eu não me desfaço

Ainda que na segunda pessoa eu insista
Este poema não é para ninguém particular
A quem servir esta pele, então que a vista
O poema é para quem assim se identificar

Este poema foi extraído do meu primeiro livro, AMADOR DO VERSO, e acho que se encaixa na perfeição no tema proposto pelos amigos do ESPAÇO ABERTO nesta nova blogagem colectiva.
Desde que decidi criar um blogue no blogspot, muitos têm sido os amigos e amigas com quem, por diversas razões, tenho desenvolvido alguma afinidade. Alguns até já conheci pessoalmente e posso dizer que a amizade transpôs a fronteira da virtualidade transformando-se em amizade bem real e palpável. Outros há que, sem que nos tivessemos conhecido pessoalmente, são igualmente importantes e fazem parte dos contactos que não quero perder;antes pelo contrário; pois a cada dia enriquecem-me mais. A lista é extensa, mas permitam-me fazer referência a meia dúzia de pessoas que me têm marcado ao longo deste tempo apesar da distância que nos separa e dos problemas pessoais que me têm impedido de interagir com a assiduidade pretendida. São elas: MARIA BÓZOLI, REGGINA MOON, ADRIANA LEALTATIANA MOREIRA, que têm estado comigo desde o início, amizades que eu muito estimo e cujo carinho transmitido
agradeço; RAFAEL CASTELLAR DAS NEVES, um parceiro tupiniquim; FLÁVIO MORGADO, jovem poeta que sempre deixa comentários motivadores; FLOR ALPINA, uma conterrânea que tem acompanhado os meus vários blogues, desde a Suiça, e que sempre deixa palavras carinhosas que muito me motivam; SONHADORA, outra conterrânea que sempre aparece para deixar o seu carinho e amizade; e DEIA uma seguidora mais recente cujos comentários marcam a diferença e enriquecem cada um dos poemas que aqui ponho ao vosso escrutínio. 
Eu acredito que as amizades não se devem agradecer mas sim desfrutar, e eu desfruto não só destas mas de todas as amizades que a blogosfera me têm permitido fazer.   

sábado, 24 de julho de 2010

Receita

Ataviado de cozinheiro, tomo o comando
aqueço minha sabedoria em lume brando
procuro os ingredientes para este refogado
uma colher de memórias, vou cozinhando
um pouco de experiência vou acumulando
assim confecciono sem receita a meu lado

Sem gramas de remorso por tudo que vivi
meio quilo de mágoas pelo amor que perdi
tempero que nesta vida sempre me faltou
uma pitada de conformismo p'lo que senti
meia dose de pecado cuja culpa já assumi
pós de desleixo que este coração queimou

Uma fatia de alma recheada de amargura
que misturo ao preparado antes da fervura
já falta pouco para revelar o meu segredo
aos sabores amargos junto alguma doçura
umas folhas de afecto para lhe dar textura
revolvo bem para não azedar com o medo

Esta cozedura está prestes a chegar ao fim
dou por terminada a receita criada por mim
embora falte uma sobremesa a esta refeição
um pouco de paz, cores e cheiro de alecrim
regado com aromas de rosas do meu jardim
e bebidas num cálice de cristalina inspiração

Este poema surgiu depois de ler o comentário que a minha amiga TATIANA MOREIRA deixou no poema anterior.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Pecado

Atingido fatalmente pelo raio do trovão
chamuscou-se o músculo do meu peito
como marca dos Deuses num seu eleito
por crimes atrozes sem direito a perdão

Mortal fiquei e com mancha no coração
à vontade dos Divos eternamente sujeito
afinal, eu fiz a cama onde hoje me deito
e o que vivo, do que fiz, é vil retaliação

Conheço todos os pecados que perpetrei
distingo bem todas as falhas que obrei
de todos, sou o primeiro em penitência

A razão de cada pecado apenas eu a sei
amargo foi o sabor que de todos provei
afinal cada acto tem a sua consequência