sexta-feira, 31 de maio de 2013

Amanhecer sem sentido c/ ANDRÉA IUNES


Quando sofre o pobre coração
por um amor cruel, malfadado
sentimento triste e calado
transborda no peito, a solidão
 
Os passos dados perdem brilho
não há destino nas caminhadas
quanto mais pedras pisadas
menos visível fica nosso trilho
 
Das lágrimas de dor e pranto
escorrem, memória e desilusão
envoltas num negro manto
como atos de fé e de contrição
 
A vida segue atrás dos montes
num amanhecer descolorido
destinos atravessam as pontes
e o amor já não faz mais sentido

segunda-feira, 27 de maio de 2013

AUDAZ FANTASIA


Deitado neste mar de golfinhos
deixo-me embalar pela maré do pensamento
e tento descortinar lá bem no alto
junto das estrelas mais cintilantes
os contornos do teu rosto
que um dia pintei no céu.
 
Em cada astro vejo o brilho dos teus olhos
(aquele olhar meigo e terno)
que me fez voltar a acreditar.
Cada letra do teu nome é uma constelação
e juntas sussurram-me o teu sorriso
como se nada mais existisse de ti.
 
Fecho os olhos
e como num golpe de magia
materializas-te e sinto-te em mim
de forma tão intensa e verdadeira
que todo o meu corpo estremece.
 
Neste momento (mero instante)
faz-se luz na minha consciência
e perante a ausência da tua voz
descobro as palavras que calei.
O silêncio é absoluto e dói.
 
Abro os olhos e procuro-te
na esperança de não te perder
mas a realidade é bem diferente
e esbofeteia-me sem piedade
como se pretendesse dizer-me
que o amor na minha vida
nada mais é que uma audaz fantasia!

Este poema foi escrito para participação no I Concurso de poesia AlenCriativos, subordinado ao tema AUDAZ FANTASIA, e selecionado para a antologia com o mesmo nome. Por cada livro vendido, 2€ revertem para a associação de cariz social Mithós - Movimento de Apoio à Multideficiência.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Súplica à musa C/ ANDRÉA IUNES


Da vil escuridão envolvente
onde, agrilhoado, sou o réu
quero libertar-me e imponente   
contruir meu próprio mausoléu
 
Desejo que a lua crescente
mova-se rápida, leve no céu
enquanto a bruma, tão silente
fuja lépida do campo ao léu
 
Mostra-me, oh lua, luz brilhante
para sempre serás grande dama
de todas as minhas tolas manhas
 
Faz de mim, eterno caminhante
sem remorso nem pena ou drama
e ilumina minhas tristes façanhas.

Podem acompanhar o trabalho desta poetisa gaúcha aqui.

domingo, 19 de maio de 2013

Arrebenta a bolha! (inédito)


Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!
grita a plenos pulmões o ranhoso Bagaço
que a jogar às escondidas é um embaraço
sempre gozado, há quem lhe chame trolha.
 
Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!
juntam-se mais vozes d'outra rapaziada
que se apressam a responder à chamada
O Iman tem cromos novinhos em folha!
 
Dou-te dois pelo do Álvaro Magalhães
Isso depende se não tiver o que tu tens.
Vamos a isso. Tira dois à tua escolha!
Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!
 
P'rá troca, p'rá troca, p'rá cola, p'rá troca
p'rá troca, p'rá troca, p'rá cola, p'rá troca
Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!
Ó Bagaço! Cala-te ou levas uma solha!
 
P'rá troca, p'rá troca, p'rá troca, p'rá cola
p'rá troca, p'rá troca, p'rá troca, p'rá cola
Fico com o do Vermelhinho e o do Frasco
Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!
Cala-te Bagaço! Estou-te com um asco!
Cala-te ou na boca ponho-te uma rolha!
Arrebenta a bolha! Arrebenta a bolha!

Um dos poemas que escrevi, subordinado ao tema BRINQUEDOS E BRINCADEIRAS DE ANTIGAMENTE, para o encontro de poetas que se realizou ontem no Museu Municipal de Alverca

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Luta de poeta


Sozinho no meu canto
Que não é secreto
Liberto o meu pranto
E também me liberto
Dou asas ao sentir
E sinto-me em paz
Do pranto vou emergir
E voltar a ser audaz
De mim próprio sou réu
Sem ter culpa formada
Escapar-me-ei do breu
Iniciarei nova jornada
Lutarei contra o mundo
Num combate final
Nem novo golpe profundo
Me poderá fazer mal
Mesmo com nova cicatriz
Não sairei magoado
Sou como o destino quis
Pela vida fui marcado
Já sarei muitas feridas
Recebi imensas facadas
Que nas costas recebidas
São pequenos nadas
Uma vida em aprendizagem
Aprender até morrer
Viver a vida com coragem
É sinal de saber viver
Da luta não vou fugir
Nem tão pouco recuar
Da adversidade vou rir
Contra o medo vou lutar
Neste combate individual
Não há nenhum aliado
Nem vejo um só sinal
De estar acompanhado
Nada correrá para o torto
Pois em mim tenho fé
Mesmo que acabe morto
Saberei morrer de pé

Poema extraído do meu livro AMADOR DO VERSO - Temas Originais - 2010

quarta-feira, 1 de maio de 2013

NOÉMIA DE SOUSA


A tua poesia é uma senzala de poemas
onde soubeste expôr o sentir felino
da negritude Índica.
Os teus versos são escravos da verdade
que corrói a rubra seiva das savanas
em gritos de revolta.
Teu lúcido pensamento de pés descalços
continua progenitor dos trovadores
com memória de ti.
Tua brevíssima obra de pranto e lágrimas
deixa em nós o teu eterno respirar
Kanimambo poetisa.

Poema extraído do meu livro POETAS QUE SOU - Lua de Marfim - 2013